Brasília – O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), declarou que uma fala recente do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), criou o ambiente político necessário para avançar a proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista, o parlamentar afirmou que a observação de Barroso — “anistia é uma questão política” após o julgamento — foi interpretada como sinal verde por congressistas favoráveis ao perdão. Para Nogueira, a manifestação “mudou o clima” e possibilitou que a Câmara, liderada pelo presidente Hugo Motta (PP-PB), passasse a considerar a votação do tema.
O senador também informou que o senador Davi Alcolumbre (União-AP) prepara um texto alternativo ao projeto de anistia que já tramita na Casa. “Há votos de sobra; será quase unanimidade”, garantiu.
Sucessão presidencial
Nogueira reconheceu ser “muito difícil” reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, confirmada em 2024 pelo Tribunal Superior Eleitoral. Mesmo assim, avaliou que o ex-mandatário deverá influenciar decisivamente a eleição de 2026. Segundo o líder do PP, os filhos do ex-presidente — Flávio, Eduardo e Carlos — “obedecerão” à orientação paterna quanto ao candidato apoiado.
Questionado sobre o nome preferencial, o senador citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o “mais credenciado” pelo potencial de vitória. Ele defende que a definição seja anunciada somente em janeiro de 2026.
Relação com o STF
Indagado se a articulação pela anistia representa afronta ao Supremo, Ciro Nogueira respondeu que o Congresso apenas exerce sua competência legislativa. “Legislar é atribuição nossa; o STF deve respeitar”, afirmou. O senador disse esperar que o perdão seja aprovado antes que Bolsonaro enfrente eventual prisão: “Se botarem ele na cadeia, é porque querem matá-lo”.
Desembarque do governo Lula
Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Nogueira confirmou que o PP deixará a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2025. “Agora temos um projeto vencedor”, afirmou, referindo-se ao pleito de 2026. Ele mencionou ainda desconforto após reportagem veiculada por profissional contratado pela EBC, estatal vinculada à Secretaria de Comunicação Social.

Para Ciro, a saída do governo é “irreversível” e alinha o partido à ala que articula a anistia e prepara o terreno para a candidatura apoiada por Bolsonaro.
Neste momento, a redação final do projeto de perdão, o cronograma de tramitação e os possíveis efeitos sobre a situação jurídica do ex-presidente continuam em negociação entre líderes partidários e integrantes dos dois Poderes.
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Com informações de Folha de S.Paulo