De Davy ao LED: veja a trajetória da lâmpada elétrica em 200 anos

A lâmpada elétrica percorreu mais de dois séculos de aperfeiçoamentos até chegar aos modelos inteligentes controlados por aplicativo. Dos primeiros arcos luminosos à iluminação conectada, cada avanço alterou o modo como casas, indústrias e cidades lidam com a noite.
Dos arcos elétricos à patente de Edison
Em 1809, o químico britânico Humphry Davy produziu luz ao ligar uma tira de carbono entre os polos de uma bateria, originando a chamada lâmpada de arco voltaico. Décadas depois, Warren de la Rue e Joseph Swan exploraram filamentos encapsulados em vácuo, mas enfrentaram custos elevados e curta duração. O salto comercial veio em 1879, quando Thomas Edison manteve um filamento de algodão carbonizado aceso por 45 horas e, logo em 1880, registrou a patente.
Além da lâmpada, Edison organizou uma rede de geração e distribuição de energia que permitiu a venda do produto em larga escala. Wall Street, em Nova Iorque, recebeu a primeira iluminação pública elétrica contínua em 1882. No mesmo período, o império brasileiro de Dom Pedro II inaugurou lâmpadas de arco na estação Central do Brasil.
A disputa sobre o tipo de corrente — contínua, defendida por Edison, ou alternada, promovida por Nikola Tesla e George Westinghouse — marcou a chamada Guerra das Correntes. A vitória da corrente alternada, mais eficiente em longas distâncias, consolidou-se após o sucesso da Feira Mundial de Chicago em 1893 e da usina das Cataratas do Niágara.
Neon, fluorescente, LED e a era das lâmpadas inteligentes
Com a popularização da luz elétrica, a demanda ultrapassou 45 milhões de unidades nos Estados Unidos ainda em 1900. Em 1902, Georges Claude apresentou o tubo de néon; em 1906, a General Electric patenteou o filamento de tungstênio, mais durável que o carbono. A lâmpada fluorescente surgiu em 1938, seguida pela halógena em 1955 e pela versão de vapor de sódio em 1962, amplamente usada em vias públicas.
O diodo emissor de luz (LED) foi demonstrado em 1963, inicialmente apenas em vermelho. O LED azul, desenvolvido pela japonesa Nichia em 1994, permitiu a criação da luz branca e abriu caminho para a iluminação de estado sólido. Por volta de 1999, lâmpadas de LED começaram a substituir modelos fluorescentes e halógenos, tendência reforçada por metas nacionais de eficiência energética — o Brasil prevê retirar as fluorescentes do mercado até o fim de 2025.
A partir de 2012, a iluminação tornou-se parte da Internet das Coisas. A Philips, hoje Signify, lançou o kit Hue, que permite ajustar cor e intensidade via smartphone. Desde então, lâmpadas conectadas oferecem integração com assistentes de voz, rotinas automáticas e monitoramento de consumo, unindo eficiência a novas formas de controle.
Da tira de carbono de Davy aos sistemas inteligentes controlados por voz, a evolução da lâmpada reflete avanços em química, física e eletrônica, além de mudanças sociais que transformaram a noite em espaço produtivo e conectado.