CPMI do INSS marcou, nesta segunda-feira (6), o depoimento do empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, alvo da Operação Sem Desconto da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, que investiga descontos fraudulentos em benefícios de aposentados.
Após responder a perguntas iniciais do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Cavalcanti recorreu a um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, e anunciou, por intermédio de seu advogado, que permaneceria em silêncio durante o restante da sessão.
CPMI do INSS: empresário silencia após responder relator
Cavalcanti negou envolvimento no esquema, afirmou não ser “laranja” e garantiu desconhecer atos ilícitos atribuídos ao ex-sócio Nelson Willians e a Maurício Camisotti, apontados como operadores do suposto esquema. Ele declarou ainda que os pagamentos recebidos “sempre foram compatíveis” com suas funções de gestor.
A Polícia Federal apreendeu mais de 20 veículos de luxo do empresário, incluindo uma Ferrari avaliada em R$ 4,5 milhões, além de relógios de alto padrão e vinhos estimados em R$ 7 milhões. O depoente argumentou que os bens pertencem à sua empresa, adquiridos “de forma lícita”, e que alguns continuam financiados até 2027.
Questionado sobre a evolução patrimonial, o relator recordou que, em 2017, Cavalcanti ocupava cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo com salário de pouco mais de R$ 5 mil. O empresário declarou que seu patrimônio está “no imposto de renda”, mas preferiu não revelar valores à comissão.
Para o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a trajetória financeira de Cavalcanti indica participação em “máfia” que envolveria políticos e servidores. Viana aguarda resposta do ministro André Mendonça sobre pedido de novo depoimento de Maurício Camisotti, também beneficiado por habeas corpus.
Entre as entidades sob investigação está a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC). Segundo a PF, a receita da AMBEC saltou de R$ 135 mil em 2021 para R$ 91 milhões em 2023, supostamente sob controle de laranjas ligados a Camisotti, conforme informou a Agência Brasil em reportagem recente.
Gaspar prometeu solicitar novos documentos bancários para “demonstrar a incompatibilidade” entre renda e bens declarados. A CPMI, criada para apurar fraudes previdenciárias, deve concluir trabalhos até o fim de 2025.
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Crédito da imagem: Lula Marques/Agência Brasil