Um novo livro analisa a escalada de ataques a profissionais da imprensa no país e mostra que a hostilidade parte de grupos de todo o espectro político.
Pesquisa com 203 repórteres sustenta o estudo
Em “Vocês da Imprensa”, o jornalista e pesquisador João Paulo Saconi, 29 anos, reúne dados de uma investigação realizada com 203 profissionais de redação. O trabalho, originado em dissertação de mestrado na UFRJ e premiado pela Intercom como a melhor de 2023, identifica agressões físicas, ameaças, linchamentos virtuais e tentativas de silenciamento registadas a partir de 2013.
Segundo o autor, partidos, movimentos sociais e cidadãos atuam nas redes e em espaços públicos para deslegitimar o jornalismo quando percebem que reportagens contrariam suas agendas. A análise indica que a violência não se restringe a um lado da polarização: tanto grupos de direita como de esquerda recorrem a ataques para pressionar repórteres e veículos.
Efeitos diretos: autocensura e limitação da informação
A pesquisa aponta que parte dos entrevistados evita usar crachá em locais públicos e até omite a profissão. Outros relatam desistência de pautas consideradas sensíveis para reduzir o risco de agressões. Esse movimento, avalia Saconi, compromete a amplitude do noticiário e restringe o acesso da sociedade a dados de interesse público.
Imagem: redir.folha.com.br
Experiência pessoal reforça o tema
Saconi relata no livro ter sido alvo de campanha de difamação em 2019, após publicar reportagem sobre a atuação de uma nora do então presidente Jair Bolsonaro como coach. A ofensiva incluiu divulgação de informações falsas sobre sua vida pessoal e insultos nas redes.
Disponibilidade e detalhes da obra
“Vocês da Imprensa” possui 192 páginas, é publicado pela Máquina de Livros e custa R$ 70. O lançamento ocorre em 29 de julho, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro.
