Brasília – Líderes de PP, União Brasil, PL e Republicanos ampliaram nesta semana as articulações públicas pela concessão de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), julgado por tentativa de golpe pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde terça-feira (2). A movimentação tem objetivo claro: assegurar que Bolsonaro e sua família liberem o apoio ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato ao Palácio do Planalto em 2026.
No dia em que o julgamento teve início, Tarcísio desembarcou em Brasília para uma série de encontros sobre o tema. Ele se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI). Na véspera, tomara café da manhã com o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), ocasião em que também defendeu o perdão judicial.
Paralelamente, presidentes do PL, Valdemar Costa Neto; do União Brasil, Antônio Rueda; e Ciro Nogueira promoveram reunião na sede do PL, em Brasília, para tratar de “agendas parlamentares”, incluindo a anistia, segundo o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), presente no encontro.
Resposta à família Bolsonaro
Deputados do blocão dizem que a ofensiva serve para rebater críticas dos filhos de Bolsonaro, que acusam o centrão de tentar se apropriar do capital eleitoral do ex-presidente sem defendê-lo efetivamente. Ao patrocinar o perdão, os partidos pretendem demonstrar lealdade e, ao mesmo tempo, abrir espaço para que o governador paulista, visto como herdeiro político da direita, dispute a Presidência com o aval do ex-chefe do Executivo.
Ciro Nogueira, que sonha compor a chapa como candidato a vice, reforça a tese nos bastidores. O perdão, porém, não devolveria a elegibilidade de Bolsonaro; serviria apenas para livrá-lo de eventual prisão, ponto considerado crucial pelo clã.
Dificuldades no Congresso
Apesar da pressão, líderes admitem que não há maioria para aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como exige a ala bolsonarista. Hugo Motta já declarou que não há ambiente para absolver réus acusados de planejar homicídios, alusão ao suposto complô contra Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Setores da esquerda esperam que Motta segure qualquer votação sobre o assunto enquanto o STF julga Bolsonaro. O tema, hoje, não conta nem sequer com texto formal protocolado na Câmara.
PECs da blindagem perdem força
Antes da ofensiva pela anistia, PP, União Brasil e PL negociavam votar propostas de emenda à Constituição que limitassem ações penais contra parlamentares no Supremo. A estratégia era aprovar primeiro as chamadas “PECs da blindagem” e, em seguida, discutir o perdão ao ex-presidente. A ideia enfrentou resistência de partidos de esquerda, de parte da sociedade civil e até de deputados do próprio PL, que recuou e passou a priorizar a anistia.

Ameaça de Eduardo Bolsonaro
Enquanto isso, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ameaça deixar o partido e se lançar candidato ao Planalto caso perceba falta de empenho na defesa do pai. A advertência aumenta a pressão sobre as siglas do centrão, interessadas em pacificar o grupo e consolidar Tarcísio como nome consensual.
Tarcísio fala em pacificação
O governador nega intenção de concorrer em 2026, mas afirma que a anistia é necessária para “pacificar o país”. Na sexta-feira (29), chegou a declarar que, se eleito presidente, seu primeiro ato seria conceder indulto a Bolsonaro.
O STF deve concluir o julgamento no próximo dia 12. Até lá, parlamentares calculam o custo político de levar o tema ao plenário da Câmara. Enquanto não há acordo, o centrão intensifica gestos públicos em favor do ex-presidente para manter aberta a via que pode conduzir Tarcísio à eleição presidencial.
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Com informações de Folha de S.Paulo