Nvidia lidera ganhos, enquanto Apple e Tesla recuam: desempenho desigual redefine as “Sete Magníficas”

A temporada de 2025 expôs diferenças significativas entre as companhias conhecidas como “Sete Magníficas” — Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Embora todas tenham protagonizado a alta dos mercados nos últimos anos, o avanço da inteligência artificial (IA) passa a separar vencedores e retardatários, refletindo-se nos preços das ações desde o início do ano.
Segundo dados compilados pelo Wall Street Journal, Nvidia, Meta e Microsoft acumulam altas superiores a 20% em 2025. Na direção oposta, Apple recua 16%, Tesla cai 18% e Alphabet perde 2%. A Amazon registra avanço moderado de 3%. Esse descompasso sugere que o grupo deixou de se mover como bloco, mesmo representando cerca de 35% do valor de mercado do índice S&P 500 e influenciando tanto a correção de abril quanto a recuperação subsequente.
Apple perde ritmo na corrida de IA
A Apple concentra a maior frustração entre investidores. O anúncio do pacote Apple Intelligence gerou pouca empolgação, e as melhorias de IA para a assistente Siri devem chegar somente em 2026. Fundos que mantinham grande exposição à empresa começaram a reduzir posições e redirecionar capital para companhias que demonstram execução mais rápida, como Nvidia e Microsoft.
Alphabet lida com pressão regulatória
No caso da Alphabet, as preocupações giram em torno dos possíveis efeitos da IA generativa sobre o principal negócio da companhia: a busca on-line. A empresa testa o Gemini e resumos automáticos de resultados, mas encara investigações antitruste e um debate sobre uso de dados. Embora o mercado enxergue potencial na vasta base de informações do Google, a incerteza sobre o modelo de receitas mantém o papel sob pressão.
Tesla tenta se reposicionar
A Tesla vive um momento de transição. O presidente-executivo Elon Musk busca reposicionar a montadora como referência em robótica e IA, mas a queda nas vendas de veículos elétricos e o envolvimento do empresário em temas políticos levantam dúvidas sobre o foco da gestão. Com recuo de 18% até julho, a ação se distancia do desempenho positivo observado no setor de semicondutores.
Nvidia se descola do grupo
Entre as sete, a Nvidia se consolida como principal beneficiária da explosão de demanda por hardware especializado em IA. O valor de mercado ultrapassou a marca de US$ 4 trilhões, colocando a companhia em patamar isolado. A posição dominante em unidades de processamento gráfico (GPUs) dedicadas a grandes modelos de linguagem sustenta perspectivas de crescimento expressivo no curto e médio prazo.
Microsoft, Meta e Amazon mantêm tração
A Microsoft segue ampliando seu ecossistema de nuvem e IA generativa, enquanto a Meta colhe resultados de investimentos na infraestrutura para modelos de linguagem próprios e na integração de IA a produtos como Instagram e WhatsApp. A Amazon, mesmo impactada por tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, mantém aposta estratégica por meio do acordo com a startup Anthropic e apresenta alta discreta de 3% no ano.
Expectativa para os balanços do segundo trimestre
O calendário de divulgação de resultados é observado de perto. Alphabet e Tesla apresentam números nesta quarta-feira, 23 de julho. Na semana seguinte, Meta, Microsoft e Apple divulgam seus balanços. Analistas avaliam se o ritmo de investimentos em IA será mantido e se a adoção da tecnologia já se traduz em receita adicional ou em margens comprimidas por despesas de capital.
Avaliação esticada e projeções de lucro
Seis das sete companhias negociam a múltiplos superiores a 25 vezes o lucro projetado, contra média de 22,35 vezes para o S&P 500. Apenas a Alphabet está abaixo desse nível. Projeções do Morgan Stanley indicam que, no segundo trimestre, o grupo deverá registrar crescimento de 14% no lucro líquido, enquanto as demais empresas do índice tendem a apresentar retração de 3%.
A dúvida sobre a coesão do grupo
Parte do mercado acredita que a divergência de resultados é temporária e pode se reduzir conforme todas as companhias avancem na adoção de IA. Outra parcela questiona se ainda faz sentido tratá-las como bloco, lembrando que a antiga sigla FAANG perdeu relevância em 2023 quando os desempenhos individuais se distanciaram. Além disso, gestores começam a especular sobre o surgimento de novos líderes setoriais capazes de ocupar o espaço de empresas que não acompanhem a atual revolução tecnológica.
A nova dinâmica das “Sete Magníficas” dependerá de como cada companhia equilibrará riscos regulatórios, necessidade de investimentos elevados e necessidade de demonstrar retorno financeiro na era da inteligência artificial. Por enquanto, Nvidia, Microsoft e Meta colhem maior benefício, enquanto Apple, Tesla e Alphabet trabalham para reconquistar a confiança dos investidores em meio às rápidas mudanças do setor.