Carta de 25 países pressiona Brasil e põe em risco sede da COP30 em Belém

A menos de 100 dias do início da COP30, 25 delegações enviaram carta à presidência da conferência e à UNFCCC exigindo soluções imediatas para os problemas de hospedagem e logística em Belém (PA), cidade escolhida para sediar o encontro climático de 2025. O grupo reclama da escalada nos preços de hotéis, da carência de leitos, da insegurança e da dificuldade de deslocamento na capital paraense.
Países alertam para possível mudança de local
O documento condiciona a manutenção da conferência na Amazônia a “garantias mínimas” de infraestrutura. Caso os entraves persistam, os signatários sugerem transferir parte das atividades para outra cidade. Entre os países estão Áustria, Bélgica, Canadá, Suécia e Suíça, além dos blocos de Países Menos Desenvolvidos (LDC) e do Grupo de Negociadores Africanos.
André Corrêa do Lago, presidente da COP30, confirmou o pedido de deslocamento de alguns governos e atribuiu a crise ao aumento de tarifas hoteleiras. Desde o anúncio da sede, as diárias subiram de forma expressiva e expuseram o déficit de hospedagem, considerado um dos maiores desafios logísticos já enfrentados pelo evento.
Medidas emergenciais e prazos apertados
Para reduzir o impacto, o governo brasileiro avalia usar imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, escolas públicas, Airbnb e navios de cruzeiro atracados na região. A plataforma oficial de reservas foi lançada com atraso e restringe, por enquanto, o acesso aos países participantes. Estão garantidos 15 quartos por até US$ 200 para nações menos desenvolvidas e 10 quartos por até US$ 600 para as demais — um total de 2.500 unidades, apenas 5 % da procura estimada para cerca de 50 mil participantes.

A carta também rejeita o pedido de Brasília para reduzir o tamanho das delegações, argumentando que as negociações ocorrem em várias frentes simultâneas. Representantes afirmam que nunca houve tanta incerteza sobre logística tão perto da abertura de uma COP. A UNFCCC deu prazo até 11 de agosto para que o Brasil apresente um plano definitivo.
Preocupação com cúpula de chefes de Estado
A principal inquietação dos signatários diz respeito à reunião de alto nível que tradicionalmente antecede o início oficial da conferência. O diplomata tanzaniano Richard Muyungi, que lidera o Grupo de Negociadores Africanos, declarou que espera “soluções concretas”, não apenas um apelo para diminuir as delegações.