noticias

Carlos Bolsonaro acusa PF de “chantagem” após anúncio de possível divulgação de vídeos de operação

Brasília – O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) reagiu nesta terça-feira, 22 de julho, às declarações de um delegado da Polícia Federal que cogitou tornar públicos os registros em vídeo da operação de busca e apreensão realizada na residência e no escritório de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na última sexta-feira, 18 de julho. Para o parlamentar, a postura da corporação transforma a investigação em “espetáculo” e equivale a uma forma de pressão indevida.

O debate teve início após Jair Bolsonaro afirmar, em entrevista no mesmo dia da ação policial, que o pen drive recolhido em um banheiro de sua casa poderia ter sido “plantado” por um dos agentes que participaram da diligência. A hipótese foi mal recebida na direção da PF. Em resposta, um delegado afirmou à imprensa que, caso o ex-presidente insista na alegação, a corporação poderá divulgar integralmente as imagens captadas durante a operação para demonstrar a lisura do procedimento.

Carlos Bolsonaro utilizou a rede social X para criticar a fala do representante da PF. No entendimento do vereador, a ameaça de divulgação de material sob sigilo configuraria “chantagem” e feriria os princípios de imparcialidade que deveriam nortear as investigações. Ele também contestou a divulgação de fotografias do dinheiro em espécie encontrado na casa do ex-chefe do Executivo, atribuindo a iniciativa ao interesse em gerar manchetes.

Itens apreendidos e perícia no pen drive

Durante a busca, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), policiais federais recolheram dólar em espécie, um aparelho celular e o pen drive cujo conteúdo se tornou motivo de controvérsia. Exames periciais concluíram que os arquivos armazenados no dispositivo não têm relevância para o inquérito em curso, segundo informou oficialmente a corporação. Mesmo assim, a versão de Bolsonaro de que nunca vira o objeto e de que poderia ter havido inserção deliberada alimentou o impasse com a PF.

Contexto da investigação

Jair Bolsonaro é investigado em inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e supostas articulações para submeter o funcionamento do STF a pressões externas. A Polícia Federal sustenta que o ex-presidente e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teriam procurado autoridades norte-americanas nos últimos meses com o objetivo de obter sanções contra membros do governo brasileiro, alegando perseguição política. Segundo a corporação, a estratégia visava constranger a Suprema Corte e obstruir a Justiça brasileira.

Como medidas cautelares, o ex-mandatário está obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Ele também foi proibido de utilizar redes sociais, manter contato com embaixadores ou diplomatas estrangeiros e aproximar-se de embaixadas.

Repercussão das declarações

No mesmo pronunciamento em que levantou a hipótese de adulteração de provas, Bolsonaro relatou que um policial teria pedido para usar o banheiro de sua residência e retornado ao ambiente da operação com o pen drive nas mãos. Ele disse não possuir laptop em casa e afirmou nunca ter manuseado esse tipo de dispositivo, o que, segundo ele, aumentaria a desconfiança sobre a origem do material.

Horas depois, a cúpula da PF avaliou a fala como provocação e, por meio de fonte ouvida pela imprensa, informou que a divulgação das imagens poderia comprovar a regularidade do procedimento. Carlos Bolsonaro reagiu classificando a possibilidade como um “recado” inadequado em uma democracia.

Disputa narrativa

Para o vereador, a divulgação seletiva de fotos do dinheiro apreendido, aliada às ameaças de exibição dos vídeos, fortalece o que ele vê como orientação política das investigações. O parlamentar citou ainda episódio anterior em que foi alvo de intimação por decisão de Moraes, após postagem em rede social, para reforçar a narrativa de perseguição.

Procurada pela reportagem, a Polícia Federal não comentou as críticas do filho do ex-presidente nem confirmou se pretende realmente liberar as gravações. Fontes internas afirmam, entretanto, que o material pode ser apresentado ao processo caso as declarações públicas de Jair Bolsonaro sejam interpretadas como tentativa de descredibilizar a instituição.

Próximos passos

O inquérito segue sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, com relatoria de Alexandre de Moraes. A PF continua analisando documentos e mídias digitais apreendidos na operação e pode solicitar novas diligências. Até o momento, não há prazo definido para conclusão do relatório final. Paralelamente, a defesa de Jair Bolsonaro estuda quais medidas jurídicas adotará diante das restrições impostas e das acusações de obstrução de Justiça.

Enquanto isso, o debate sobre a eventual publicação das imagens coloca em evidência a tensão entre os investigados e a Polícia Federal. De um lado, a corporação sustenta que os registros comprovam a regularidade dos procedimentos; de outro, aliados do ex-presidente consideram a possibilidade uma forma de exposição pública com finalidade política. O STF deverá avaliar qualquer pedido relacionado ao levantamento de sigilo do material.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo