Câmara adia votação relâmpago da PEC que limita investigações contra parlamentares

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A Câmara dos Deputados suspendeu, na noite desta quarta-feira (27), a tentativa de aprovar em dois turnos, no mesmo dia, a proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC das Prerrogativas, que condiciona a abertura de investigações criminais contra deputados e senadores à autorização do Congresso e impõe novas regras para prisão de parlamentares.

O recuo ocorreu após reunião tensa na residência oficial do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Líderes de diversos partidos avaliaram não haver os 308 votos necessários para aprovar a matéria. A votação ficou, ao menos, para a próxima semana.

Texto em sigilo e divisões internas

O relatório do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) foi mantido em sigilo até poucos minutos antes da sessão. Por volta das 19h30, chefes de bancadas foram convocados para discutir dois rascunhos apresentados pelo relator. Sem consenso, a reunião terminou sem definição.

Entre os pontos mais criticados está a possibilidade de suspender inquéritos já em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). A bancada do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, pressionou para incluir esse dispositivo, mas encontrou resistência inclusive entre aliados de centro.

Argumentos pró e contra

A cúpula da Câmara argumenta que a PEC reforça a independência do Legislativo diante do Judiciário. “É direito do Congresso discutir garantias que assegurem o livre exercício do mandato”, afirmou Motta pela manhã, em evento do grupo Globo.

Partidos de oposição ao texto, sobretudo PT, PSOL e PC do B, acusam a proposta de reduzir a transparência e de criar obstáculos para investigações de corrupção. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), declarou ao deixar a reunião que “o deputado é um cidadão como qualquer outro” e que não cabe autorização prévia para investigar.

Histórico e alcance da proposta

A PEC resgata dispositivo da Constituição de 1988, revogado em 2001, que condicionava a abertura de processo contra parlamentares a aval do Congresso. Pelo texto em discussão:

  • A investigação dependeria de autorização do plenário, em votação secreta;
  • Inquéritos em andamento poderiam ser suspensos;
  • A prisão em flagrante ficaria restrita a crimes inafiançáveis, como racismo, terrorismo e tráfico de drogas.

Deputados do centrão defendem a mudança como forma de se proteger de apurações sobre emendas parlamentares. A proposta também é apoiada por bolsonaristas que buscam limitar ações do STF na véspera do julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

Câmara adia votação relâmpago da PEC que limita investigações contra parlamentares - Imagem do artigo original

Tramitação acelerada emperra

A Mesa da Câmara pretendia atropelar o intervalo de cinco sessões exigido entre os dois turnos de votação de uma PEC e aprovar o texto remotamente na mesma noite. Com o impasse, o plenário esvaziou-se depois das 20h, e Motta adiou a análise.

Se aprovada pela Câmara, a proposta ainda precisará ser examinada em dois turnos pelo Senado.

O presidente da Casa reiterou que só colocará o tema em votação quando houver votos suficientes. Até lá, a pauta que inclui a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, prioridade do governo, permanece travada.

Para acompanhar outras decisões do Congresso e entender como elas afetam a política nacional, visite a seção de política do nosso site.

Resumo: Sem apoio necessário, a Câmara adiou a votação da PEC das Prerrogativas, que condiciona investigações e prisões de parlamentares ao aval do Congresso. A discussão será retomada na próxima semana.

Com informações de Folha de S.Paulo

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