Brasil x Chile de 1989: o jogo interrompido pelo “Caso Rojas” que mudou as Eliminatórias

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Em 3 de setembro de 1989, o Maracanã recebeu 145 mil torcedores para a partida que decidiria uma vaga na Copa do Mundo de 1990. O Brasil precisava apenas do empate; o Chile, da vitória. O que se viu foi um dos episódios mais controversos da história do futebol sul-americano, finalizado antes do apito final por causa da simulação do goleiro chileno Roberto Rojas, episódio eternizado como “Caso Rojas”.

Primeiro capítulo em Santiago

A tensão começou três semanas antes, em 13 de agosto, no Estádio Nacional de Santiago. A delegação brasileira foi recebida com pedras e ameaças ainda no desembarque. Em campo, Romário e dois jogadores chilenos trocaram empurrões antes mesmo do primeiro minuto, e o atacante brasileiro acabou expulso. Pouco depois, Ormeño recebeu cartão vermelho por entrada violenta em Branco. O Brasil abriu o placar com um gol contra de González, após jogada de Bebeto, mas aos 38 minutos do segundo tempo o árbitro Jesús Díaz Palacios marcou sobrepasso de Taffarel. Na cobrança indireta, o Chile empatou em 1 a 1.

Reencontro no Maracanã

No Rio de Janeiro, clima de decisão. O empate bastava aos donos da casa, mas a lembrança da derrota em 1950 mantinha o ambiente carregado. No segundo tempo, Careca recebeu de Bebeto e fez 1 a 0, aproximando o Brasil da classificação. Aos 25 minutos, no entanto, veio o lance que paralisou o jogo: um rojão lançado da arquibancada caiu no gramado e, logo depois, Rojas desabou alegando ter sido atingido.

A farsa desmascarada

A seleção chilena deixou o campo e se recusou a voltar, alegando falta de segurança. Horas depois, porém, inconsistências surgiram. O ferimento de Rojas era um corte — não uma queimadura — e fotos do repórter fotográfico Jorge William mostravam que o explosivo caiu a cerca de um metro do goleiro. Investigação da FIFA concluiu que o próprio atleta usou uma lâmina escondida na luva para se cortar.

Punições históricas

As consequências foram severas. Rojas recebeu pena de banimento, revogada apenas em 2001. A seleção chilena foi eliminada das Eliminatórias e suspensa da disputa para a Copa de 1994. O episódio passou a ser referência mundial de tentativa de fraude esportiva.

Personagens marcantes

Do lado brasileiro, Careca garantiu a vitória, Bebeto criou várias oportunidades e a defesa liderada por Ricardo Gomes manteve a vantagem. Nas arquibancadas, a secretária Rosenery Mello, autora do sinalizador, foi detida e liberada em seguida; ganhou o apelido de “Fogueteira do Maracanã” e faleceu em 2011, aos 45 anos.

Com o placar validado, o Brasil carimbou a passagem para o Mundial da Itália, mas o jogo ficou marcado não pelo resultado, e sim pela encenação que interrompeu a partida e rendeu punições sem precedentes ao futebol chileno.

Para acompanhar outras reportagens esportivas, visite a seção de Esporte em nosso site.

Com informações de Rádio Tupi

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