Bolsonarismo avança no PL e pressiona saída de deputados do centrão

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, intensificou a estratégia de consolidar o partido como principal sigla da direita brasileira e, para isso, quer reduzir ao mínimo a presença de deputados identificados com o centrão até as eleições de 2026.
A meta foi detalhada pelo líder da bancada na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que estima a permanência de “uns 2%” de parlamentares de perfil mais centrista após a próxima janela de troca partidária, no primeiro trimestre de 2026. Segundo ele, cerca de 30 deputados alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje em legendas como União Brasil, PSD, PP e Podemos, já manifestaram interesse em migrar para o PL.
Ameaça de expulsão reacende disputa interna
O caso mais recente envolve o deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), alvo de representação interna depois de elogiar o ministro do STF Alexandre de Moraes e criticar o ex-presidente americano Donald Trump. Valdemar anunciou publicamente a expulsão do parlamentar, mas o processo ainda não foi formalizado, e Rodrigues segue filiado — ele aguarda notificação oficial para decidir seus próximos passos.
Rodrigues, ex-ministro dos Transportes no governo Dilma Rousseff (PT) e aliado histórico de Valdemar, presidiu interinamente o PL quando o dirigente cumpriu pena pelo mensalão. “Entendo a trajetória dele, mas o partido mudou”, disse Sóstenes, defendendo diálogo e direito de defesa, mas reconhecendo um “divórcio” entre o estilo de Rodrigues e o novo perfil que a legenda busca.
Debandada já começou
Dos 99 deputados eleitos pelo PL em 2022, dez já migraram para partidos hoje próximos ao governo Lula (PT): cinco para o PP, três para o Republicanos, um para o MDB e um para o PSB. Sóstenes calcula que outros dez deputados considerados “de centro” devem sair na próxima janela partidária.
Wellington Roberto (RN), filiado há mais de duas décadas e líder do PL na Câmara entre 2019 e 2021, afirmou que pretende deixar a sigla ainda neste ano. Ele perdeu o comando do diretório paraibano para o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e disse ver com preocupação “mudanças muito rápidas” na linha partidária.
Outro parlamentar, que preferiu não se identificar, também avalia a desfiliação. Ele destaca a incerteza sobre quem representará a direita em 2026, especialmente após a prisão de Jair Bolsonaro.

De nanico a gigante da direita
Fundado em 1985, o PL experimentou diferentes fases: apoiou Lula com José Alencar na vice (2002), comandou o Ministério dos Transportes em governos petistas, caiu em desgraça com o mensalão e renasceu em 2021, quando filiou Bolsonaro. O ingresso do ex-presidente elevou a bancada de 33 eleitos em 2018 para 99 em 2022, impulsionando o fundo partidário e eleitoral a cifras bilionárias.
Agora, Valdemar Costa Neto aposta no encolhimento do centrão dentro da sigla para manter o domínio bolsonarista. “O ambiente não será atrativo para quem prefere a política de adesão a qualquer governo”, resume Sóstenes.
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Resumo: O PL acelera sua transformação em partido majoritariamente bolsonarista, ameaça expulsar históricos aliados do centrão e mira as eleições de 2026 como etapa final desse processo. Continue acompanhando nossas atualizações e não perca as próximas movimentações nos bastidores de Brasília.
Com informações de Folha de S.Paulo