Roubo de celulares recua 13% no Brasil em 2024 e Piauí lidera redução

O 19º Anuário de Segurança Pública registrou 917.748 ocorrências de furto e roubo de celulares em 2024 no Brasil, volume 13,4% inferior ao observado em 2023. Trata-se da primeira queda expressiva desde 2021 sem influência direta das restrições de circulação impostas pela covid-19.
Panorama nacional dos crimes contra celulares
Responsável por uma em cada cinco ocorrências, o estado de São Paulo continua a concentrar o maior número absoluto de casos. Em termos proporcionais, porém, São Luís (MA) lidera, com 744 crimes por 100 mil habitantes, seguida por Belém (PA). O Piauí apresenta o recuo mais acentuado: 29,7% menos registros em comparação anual.
Os dados mostram perfis distintos entre furto (subtração sem violência) e roubo (com ameaça ou agressão). Os furtos ocorrem sobretudo aos fins de semana, respondendo por 34% do total, enquanto 29,8% dos roubos concentram-se nas quintas e sextas-feiras. Há também variação por horário: roubos predominam entre 4h e 6h e das 18h às 23h; furtos mantêm distribuição mais homogênea ao longo do dia.
Vias públicas permanecem o principal cenário das ocorrências, representando 79,6% dos roubos e 43,7% dos furtos. Nos furtos, ganham relevância estabelecimentos comerciais (14,6%), residências (12%) e transporte coletivo ou individual (11%).
Quanto ao perfil das vítimas, a maioria tem entre 20 e 39 anos e é negra. Homens são mais visados em roubos (59,1%), enquanto mulheres lideram nos furtos (50,2%). Entre as marcas de aparelhos, Samsung e Motorola concentram a maior procura dos criminosos, seguidas pela Apple.
Recuperação de dispositivos continua baixa
Apenas 8% dos aparelhos subtraídos foram recuperados em 2024, o equivalente a um em cada 12 casos. O Piauí apresenta o melhor resultado, com um celular devolvido ao proprietário a cada 2,7 crimes, refletindo a adoção antecipada do serviço de alerta Celular Seguro. No extremo oposto, o Pará registra um resgate para cada 65,3 ocorrências.
O relatório atribui a redução global de crimes a fatores combinados: migração de criminosos para fraudes digitais, popularização de bloqueios biométricos e intensificação de operações direcionadas à receptação de eletrônicos. Ainda assim, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca a necessidade de ampliar a capacidade investigativa dos estados para elevar a taxa de recuperação e desarticular redes de revenda ilegal.
O documento, elaborado com dados de secretarias estaduais, delegacias e outras instituições, também aborda indicadores de homicídios, violência doméstica e estelionato, reforçando a importância de políticas integradas para reduzir a criminalidade tecnológica no país.