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Tarifas de Trump e sanções a Moraes geram maior crise Brasil-EUA desde a ditadura

As sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e a penalidade aplicada ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes criaram o cenário mais delicado nas relações bilaterais desde o regime militar, avaliou um grupo de especialistas em política externa.

Tarifa de 40% atinge exportações estratégicas

Decreto assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump elevou em 40% o imposto sobre mercadorias brasileiras, elevando a taxa total a 50%. O aumento afeta itens como café e carne, embora cerca de 700 produtos tenham ficado de fora da lista. A medida ocorre dois anos após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Branca, em 2023, e coincide com a proximidade do calendário eleitoral brasileiro.

Sanções contra Moraes ampliam tensão política

Paralelamente, a Casa Branca aplicou a chamada Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes, bloqueando ativos sob jurisdição norte-americana e impedindo o ingresso do ministro no país. Outros integrantes do Supremo Tribunal Federal também foram atingidos pela restrição.

Analistas veem teste para Lula

Para José Álvaro Moisés, professor de ciência política da USP, a capacidade de negociação do Palácio do Planalto será decisiva para conter impactos económicos e preservar a imagem de soberania nacional. Carlos Poggio, especialista da PUC-SP, considera a crise a mais grave desde a redemocratização, superando episódios como o escândalo de espionagem revelado em 2013.

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Motivações e histórico da relação

Diplomatas brasileiros cobram explicações claras sobre os motivos das sanções, que, segundo interlocutores em Washington, podem envolver interesses norte-americanos nas reservas brasileiras de terras raras — as segundas maiores do mundo. A tensão surge num contexto de 200 anos de vínculos formais: os EUA abriram o primeiro consulado no Recife em 1815 e foram rápidos em reconhecer a independência do Brasil. Desde então, momentos de cooperação, como o envio da Força Expedicionária Brasileira à Segunda Guerra Mundial, alternaram-se com crises, entre elas o apoio norte-americano ao golpe de 1964.

Especialistas alertam que a combinação de tarifas e sanções financeiras pressiona não apenas o comércio exterior, mas também o debate interno sobre a linha diplomática brasileira. A continuidade das tratativas deverá indicar se o governo Lula conseguirá reverter o isolamento imposto por Washington.

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