Anistia a Bolsonaro: oposição cobra relator na Câmara. O projeto que pretende conceder anistia a envolvidos em atos golpistas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, volta ao centro do debate político nesta semana, com parlamentares bolsonaristas e siglas do Centrão pressionando pela escolha imediata do relator.
A articulação mira o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Líderes favoráveis à medida afirmam que, sem um relator definido, não é possível destravar negociações sobre o parecer que pode ampliar o alcance da anistia para aliados como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-deputado Daniel Silveira.
Anistia a Bolsonaro: oposição cobra relator na Câmara
Apesar da pressão, a tendência é de que a proposta não avance antes da conclusão, na próxima semana, do julgamento da trama golpista que tem Bolsonaro entre os réus. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que o pedido de urgência não será votado nos próximos dias, o que manterá o texto fora da pauta do plenário.
Nos bastidores, Sóstenes se reúne com Motta e dirigentes partidários para tentar emplacar Rodrigo Valadares (União-SE) como relator — ele já conduziu o tema na Comissão de Constituição e Justiça. Motta, no entanto, sinalizou que avalia nomes de partidos de centro sem resistência do governo.
A pauta desta semana deve ser enxuta, com votação virtual de projetos de consenso. Ainda assim, a anistia domina conversas. Integrantes do PP, União Brasil e Republicanos defendem abertamente a iniciativa, enquanto PSD e MDB exibem bancadas divididas.
O governo intensificou a contra-ofensiva. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou reunião com ministros do Centrão e líderes da base para reforçar o pedido de que atuem contra o projeto. No 7 de Setembro, Motta ouviu vaias a favor do veto à anistia durante o desfile cívico em Brasília ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e figuras do bolsonarismo, como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), utilizaram eventos públicos para cobrar que Motta “deixe a Casa decidir”. Segundo interlocutores, Tarcísio enxerga o tema como oportunidade de aproximação com Bolsonaro antes de 2026.

O impasse também envolve o escopo do perdão. Enquanto o PL quer reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, parte do Centrão prefere focar na anulação de eventual condenação na trama golpista, receosa de desgaste eleitoral.
Especialistas ouvidos pelo jornal O Globo avaliam que a escolha do relator será decisiva para o ritmo da matéria: sem consenso até sexta-feira, o debate tende a ficar para depois do julgamento no STF, reduzindo a temperatura política imediata.
Resta saber se Hugo Motta cederá à pressão de ambos os lados ou manterá a cautela que marcou suas últimas declarações, quando admitiu crescimento do apoio à anistia, mas frisou a falta de acordo sobre o texto final.
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Crédito da imagem: Agência Câmara