Anistia aos condenados do 8 de Janeiro voltou ao centro do debate em Brasília após a mobilização marcada para este domingo, 7 de setembro, quando bolsonaristas prometem atos em todo o país para pressionar o Congresso.
Organizadores apostam que ruas cheias reforçarão o projeto de lei apresentado pelo líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que pretende perdoar investigados e condenados — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Anistia de 8/1 avança com atos de 7 de Setembro
A iniciativa ganhou tração depois de o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reconhecer a pressão de partidos do centrão para pautar o texto. O movimento conta ainda com o endosso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que confirmou presença na avenida Paulista.
No ano passado, Bolsonaro esteve no mesmo local e atacou o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “ditador”. Desta vez, o ex-mandatário cumprirá prisão domiciliar, mas seus aliados, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), intensificam os convites nas redes. Em vídeo, o parlamentar disse que a manifestação é “a última antes da farsa que vai condenar meu pai a 40 anos de prisão”.
Flávio também citou apoio de PP, União Brasil, Republicanos e Podemos ao projeto. “Quanto mais brasileiros nas ruas no 7 de Setembro, mais rápido aprovaremos a anistia”, afirmou.
Mesmo com o fôlego recente, a proposta enfrenta resistência por ser considerada ampla demais. Lideranças do centrão discutem versão enxuta que manteria a inelegibilidade de Bolsonaro, abrindo caminho para Tarcísio em 2026. A decisão final depende de Motta e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), contrário ao perdão total.
Além de Tarcísio, devem participar do ato o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O pastor Silas Malafaia, organizador na Paulista, disse esperar grande público e classificou como “covardia” seu recente indiciamento pela Polícia Federal — fator que, segundo ele, motivou fiéis a comparecerem.

Para entender o impacto político da medida, o jornal Folha de S.Paulo detalha o trâmite legislativo e as possíveis votações na próxima semana (Folha).
Se aprovado, o perdão alcançaria suspeitos desde o inquérito das fake news aberto em 2019. O julgamento no STF sobre a suposta trama golpista de 2022 deve ser concluído até 12 de setembro, colocando ainda mais pressão sobre deputados e senadores.
Analistas veem as manifestações como termômetro da base bolsonarista após seguidas derrotas judiciais. Caso o público supere o último ato de agosto, a anistia pode entrar na pauta ainda em setembro; do contrário, a tendência é o texto ser engavetado.
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Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress