América Latina acelera integração elétrica com novos corredores transnacionais

A interligação de redes elétricas na América Latina ganha ritmo com projetos que prometem ampliar a segurança do fornecimento, reduzir custos e impulsionar a entrada de fontes renováveis na matriz regional.
Benefícios da interconexão
Ao conectar sistemas vizinhos, países podem enviar excedentes de geração para regiões em escassez, evitando o despacho de usinas mais caras e limitando emissões. A estratégia também permite instalar parques de energia limpa em áreas com alto potencial e baixa demanda local, viabilizando a exportação de eletricidade e atraindo investimentos.
Casos já operacionais
O North Sea Link, cabo submarino de 720 km que une Reino Unido e Noruega, entrega 1.400 MW de capacidade para trocas entre energia eólica britânica e hidrelétrica norueguesa. Na América Central, o Sistema de Interconexão Elétrica dos Países da América Central (SIEPAC) soma 1.800 km de linhas e 300 MW, criando um mercado regional com preços mais competitivos.
Projetos em desenvolvimento
• A interligação Colômbia–Panamá prevê cerca de 500 km, incluindo trecho submarino no Golfo de Urabá, capacidade de 400 MW e investimento estimado em US$ 800 milhões.
• O Projeto Hostos, entre República Dominicana e Porto Rico, planeja 116 km de cabo submarino e 700 MW, com entrada em operação prevista para 2030 e potencial para suprir até 20 % da demanda porto-riquenha.
Perspectivas e obstáculos
No horizonte, a Iniciativa SINEA busca ligar Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Chile, enquanto o Cone Sul discute reforços entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile para aproveitar recursos como solar, hídrica e gás natural. Entre os desafios estão harmonização regulatória, custos iniciais elevados, prazos longos e preocupações sobre soberania energética. Ainda assim, defensores da integração apontam ganhos em emprego, investimento e estabilidade do sistema elétrico, fatores que podem acelerar a transição energética na região.