Boots, novo drama da Netflix lançado em outubro de 2025, retrata a trajetória de um adolescente vítima de bullying que decide ingressar no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, e sua premissa não é mera ficção.
A produção se baseia livremente em “The Pink Marine”, autobiografia publicada em 2016 por Greg Cope White, que narra a experiência real de um recruta gay enfrentando o rígido ambiente militar na era Reagan, quando a homossexualidade era tabu absoluto nas Forças Armadas.
Boots: série da Netflix é inspirada em história real
Na vida real, White tinha apenas 18 anos quando se alistou impulsivamente para acompanhar o melhor amigo. Fragilizado, precisou de um truque do recrutador — um pedaço de chumbo colado à cintura — para atingir o peso mínimo exigido. Horas depois, era enviado a Parris Island para um treinamento brutal que o moldaria física e emocionalmente.
Repressão e autodescoberta nos anos 1990
Entre 1990 e 1993, três anos antes da política “Don’t Ask, Don’t Tell”, soldados LGBTQ+ viviam sob risco de expulsão e exposição pública. Durante seis anos, White ocultou a sexualidade, adaptando cada frase para não levantar suspeitas. Ironicamente, ele afirma ter encontrado nos Marines a confiança para aceitar quem realmente era. Dados oficiais do Departamento de Defesa dos EUA apontam que mais de 16 mil militares foram afastados por orientação sexual antes da revogação da política em 2011.
Da memória ao streaming
O sucesso do livro chamou a atenção do roteirista Andy Parker, também responsável por “Tales of the City”. Parker viu na narrativa de White um reflexo de sua própria juventude em ambiente conservador e decidiu ampliar a perspectiva criando Cameron Cope, personagem fictício interpretado por Miles Heizer. A série enfatiza amizade, pertencimento e reinvenção, destacando a leal parceria entre Cameron e o colega Ray McAffey, inspirada no vínculo real de White com seu amigo heterossexual.
Autenticidade supervisionada
Para equilibrar drama e veracidade, Boots contou com consultoria de veteranos dos Marines e do próprio White, creditado como coprodutor. Ambientada em 1990, a trama mergulha no dilema de quem precisava escolher entre servir ao país ou viver a própria verdade, oferecendo um olhar raro sobre coragem, identidade e masculinidade.

No panorama das produções LGBTQ+ militares, Boots se destaca ao humanizar um período de repressão, mostrando que até nos cenários mais hostis é possível encontrar forças para a autoaceitação.
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Crédito da imagem: Netflix