IA é uma bolha? A pergunta domina relatórios de mercado e provoca discussões intensas entre investidores que pesam um capex bilionário contra a utilidade prática dos projetos em andamento.
Depois de maratonar podcasts e análises de nomes como Philippe Lafont, Bill Gurley, Brad Gerstner, Derek Thompson e Howard Marks, o consenso é inexistente: alguns veem sinais clássicos de especulação, enquanto outros apostam em uma mudança geracional sustentada por capital robusto.
IA é uma bolha? Debate revela riscos e fundamentos do setor
Críticos apontam três alertas principais. Primeiro, o tamanho do investimento comparado ao lucro efetivo. Thompson lembra que grandes ciclos especulativos começam quando a receita surge de fluxos circulares, caso do acordo em que a Microsoft injeta créditos Azure na OpenAI e reconhece isso como faturamento. Situação semelhante ocorre com a Nvidia, que garantiu compras de excedentes da CoreWeave.
Outro fator é a concentração de resultados nas chamadas “Mag 7”. Dependência excessiva de poucas gigantes, somada a infraestrutura cara e valuations esticados, faz o mercado reviver a fragilidade vista no início dos anos 2000.
Por fim, o histórico múltiplo P/L do S&P 500 ronda o pico, com o setor de tecnologia negociando cerca de 22 vezes o lucro — premium que exige fé quase religiosa na próxima revolução industrial.
Na ala otimista, quatro argumentos ganham força. A adoção já é palpável: o ChatGPT beira 1 bilhão de usuários e empresas de software, chips, energia e redes adaptam operações. O financiamento também é mais saudável do que em bolhas passadas; gigantes detêm caixa farto e baixo endividamento, reduzindo risco sistêmico.
Relatório da Coatue indica que, apesar do prêmio de aproximadamente 20% sobre a média histórica, os preços permanecem racionais. Howard Marks, em entrevista à CNBC, classifica o momento como “otimismo racional”, distante da euforia irracional de outros ciclos.

Somam-se ainda a variedade de oportunidades — de semicondutores a data-ops — e a visão de que a IA constitui um ecossistema amplo, não uma aposta concentrada. O perigo, contudo, segue latente: caso a demanda se prove inflada ou um choque macro afete liquidez, a correção pode ser veloz.
Em síntese, a tecnologia demonstra valor real, o capital é sólido e os valuations altos parecem defensáveis. Ainda assim, disciplina permanece essencial para monitorar unit economics, qualidade da demanda e tempo de maturação dos investimentos.
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