CEO da Nvidia Jensen Huang afirmou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos à China ameaçam não apenas o mercado asiático, mas também o desempenho financeiro da própria fabricante de chips de inteligência artificial. Em painel na conferência do Citadel Securities, o executivo classificou as restrições como “um erro” que pode custar à companhia um dos maiores polos de computação do planeta.
Huang recordou que, antes das sanções, a Nvidia detinha cerca de 95% de participação no mercado chinês. Hoje, porém, todas as projeções internas consideram “faturamento zero” no país. Caso aconteça algum negócio, disse, será tratado como um bônus – cenário que revela a imprevisibilidade criada pelas sucessivas rodadas de sanções.
CEO da Nvidia critica tarifas EUA e exalta mercado chinês
O executivo lamentou a oscilação de políticas adotadas pelas administrações de Donald Trump e Joe Biden. Para ele, a perda de contratos na China pode enfraquecer a liderança norte-americana em IA. “Não consigo imaginar legislador que acredite ser positivo excluir o segundo maior mercado de computação do mundo”, declarou.
Mesmo evitando citar nomes, Huang criticou políticos que “fecharam as portas” a um “ecossistema vibrante” de pesquisadores chineses. Segundo ele, impedir que cientistas do país usem tecnologia norte-americana prejudica a inovação global. A cobrança surge após Washington ampliar a lista de semicondutores proibidos de chegar a Pequim e impor tarifa de 15% sobre chips exportados por Nvidia e AMD.
A relação bilateral viveu momentos de aparente trégua, mas, em abril de 2025, a ameaça de tarifas superiores a 100% reacendeu o conflito. De acordo com a Reuters, empresas chinesas aceleraram projetos próprios de semicondutores para reduzir a dependência de fornecedores dos EUA, movimento que pode remodelar a cadeia global de IA.
Mesmo sob críticas públicas, Huang aproximou-se de Trump em busca de exceções que liberassem vendas ao mercado chinês. A Nvidia também arcou com vistos de trabalho para estrangeiros, cumprindo exigência protecionista do governo.

Analistas avaliam que a disputa tarifária continuará pressionando o setor de chips avançados. Caso o bloqueio persista, a companhia deverá reforçar estratégias em outros continentes para compensar a ausência na Ásia.
Os próximos passos de Washington e Pequim definirão o ritmo da corrida por inteligência artificial — corrida na qual a Nvidia, mesmo líder, já sente os efeitos de um mercado de bilhões de dólares bloqueado por decisões políticas.
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Imagem: Divulgação/Nvidia