Lula defende Venezuela e critica ingerência estrangeira. Em evento do PCdoB realizado em Brasília, nesta sexta-feira (17/10/2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “nenhum presidente de outro país” deve opinar sobre os rumos políticos de Caracas ou de Havana, ao rebater a pressão dos Estados Unidos contra o governo de Nicolás Maduro.
Sem mencionar diretamente o presidente norte-americano Donald Trump, Lula declarou que “o povo venezuelano é dono do seu destino” e rejeitou comparações entre os dois países: “O Brasil nunca será a Venezuela, e a Venezuela nunca será o Brasil”. Ele também condenou a inclusão de Cuba na lista norte-americana de patrocinadores do terrorismo, classificando a ilha como “exemplo de povo e dignidade”.
Lula defende Venezuela e critica ingerência estrangeira
As falas ocorreram um dia após Trump confirmar ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas para derrubar Maduro, ação que, segundo Lula, fere o direito internacional e a Carta da Organização das Nações Unidas. Em agosto, Washington enviou milhares de militares, navios de guerra e aviões ao Caribe sob o pretexto de combater o tráfico de drogas proveniente da Venezuela; analistas da ONU consideram o gesto um precedente perigoso na região.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o interesse norte-americano é geopolítico, já que a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do planeta e não integra qualquer cartel de entorpecentes. Desde então, a imprensa dos EUA relata ao menos seis ataques a embarcações venezuelanas, com mais de 30 vítimas.
Sobre Cuba, Lula criticou o embargo econômico imposto desde a década de 1960, agravado durante a atual administração Trump, que incluiu ameaças a países contratantes de serviços médicos cubanos. A medida, segundo o presidente brasileiro, aprofunda a crise energética e financeira da ilha.
Em resposta à mobilização militar dos EUA, a maioria dos países latino-americanos, inclusive o Brasil, manifestou preocupação formal. O governo Maduro promete levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU, alegando tentativa de mudança de regime.

Lula encerrou seu discurso reiterando a defesa da autodeterminação dos povos e alertou para os riscos de intervenções externas no continente: “Não cabe a ninguém ditar o futuro de outra nação”.
Para saber como outros líderes latino-americanos têm reagido à pressão dos EUA, leia também nossa cobertura em Política e acompanhe as atualizações diárias.
Crédito da imagem: Valter Campanato/Agência Brasil