Derrite disputa governo de SP passou a ser possibilidade real após o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), confidenciar a aliados que pode concorrer ao Palácio dos Bandeirantes caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se lance à Presidência da República em 2026.
Segundo duas fontes que estiveram em conversas reservadas com o secretário, a resistência inicial cedeu depois de ele avaliar que teria o respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se consolidaria como o nome bolsonarista na disputa estadual, ainda que hoje esteja focado em uma candidatura ao Senado.
Derrite admite disputar governo de SP se Tarcísio sair
No entorno de Derrite, a principal preocupação é não enfraquecer a chapa bolsonarista ao Senado, já afetada pela ausência do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que segue nos Estados Unidos e enfrenta denúncia por coação. O grupo de Bolsonaro prioriza a eleição de senadores para, em eventual maioria, tentar abrir processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
A assessoria de imprensa do secretário nega publicamente qualquer mudança de planos, reiterando que a meta continua sendo o Senado. Nos bastidores, porém, dirigentes do PP confirmam o interesse em lançá-lo ao governo, caso Tarcísio migre para o cenário nacional. “Acreditamos que esta eleição será pautada pela segurança pública, e Derrite é um nome forte nesse tema”, afirmou Maurício Neves, presidente estadual do PP.
O cálculo eleitoral ganhou força após jantar realizado em 22 de julho, na casa do advogado Fernando José da Costa. Além de Derrite e Tarcísio, participaram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e comandantes das polícias Militar e Civil. Na pauta, projetos para endurecer o sistema penal, como limitar audiências de custódia e restringir progressões de regime — iniciativas que poderão render capital político ao secretário.
Embora o PP cogitasse antecipar a saída de Derrite do governo para que ele reassumisse o mandato de deputado federal e relatasse esses projetos, a ideia foi suspensa. A justificativa é que o secretário tem entregas programadas até 2026, entre elas novas viaturas, motos e unidades da PM e do Corpo de Bombeiros.
Derrite também enfrenta desafios imediatos na pasta, como a investigação do assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, crime atribuído ao PCC, e o aumento de mortes decorrentes de intervenção policial — 813 casos em 2024 contra 504 no ano anterior, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mesmo sob pressão, Tarcísio mantém o aliado no cargo.

Em meio às especulações, analistas lembram que outros nomes despontam como possíveis sucessores de Tarcísio, entre eles o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o vice-governador Felício Ramuth (PSD) e o presidente da Alesp, André do Prado (PL). A definição, contudo, dependerá do desenho nacional de 2026, avaliam dirigentes partidários.
Para saber mais sobre os bastidores políticos de São Paulo, confira a reportagem completa do Estadão.
Continue acompanhando nossa cobertura em Política e fique por dentro de todas as movimentações rumo às eleições.
Crédito da imagem: Estadão