Barroso deixa presidência do STF na próxima segunda-feira (29), encerrando um mandato marcado por choques com o bolsonarismo e pela primeira condenação de um ex-presidente por tentativa de golpe de Estado no país.
Indicado ao Supremo por Dilma Rousseff em 2013, Luís Roberto Barroso assumiu o comando da Corte em 28 de setembro de 2023 e, desde então, enfrentou hostilidades de Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores, que reagiram a declarações como “Perdeu, mané” e “Nós derrotamos o bolsonarismo”.
Barroso deixa presidência do STF após condenações golpistas
A gestão se encerra com a definição das penas dos réus apontados como núcleo central da trama golpista de 8 de Janeiro. Embora não tenha participado do julgamento, Barroso esteve na sessão que fixou as condenações e afirmou que o Brasil “encerra ciclos de atraso marcados pelo golpismo”. Edson Fachin assumirá a presidência.
Durante o mandato, o Supremo sofreu dois episódios inéditos de pressão. Em novembro de 2024, um homem detonou explosivos diante do prédio do tribunal enquanto os ministros estavam em sessão. Três meses antes, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs sanções que incluíram a revogação de vistos de oito magistrados, entre eles Barroso, e a aplicação da Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes e sua esposa.
Barroso, que mantém vínculos acadêmicos com os EUA, reforçou a segurança do STF após o atentado e, ao lado dos chefes dos demais Poderes, retirou as grades de proteção do edifício-sede em fevereiro de 2024, descrevendo o ato como “gesto simbólico de normalidade democrática”.
Internamente, o ministro se reaproximou de Gilmar Mendes, antigo rival nos debates da Corte. Mendes passou a atuar como ponte política para Barroso, que não tinha trânsito fácil na direita do Congresso. Mesmo com os rumores sobre uma aposentadoria antecipada, o magistrado informou que só decidirá sobre eventual saída do Supremo após o recesso judiciário.

Como destacou o serviço em português da BBC, a tensão entre o STF e o bolsonarismo mantém o tribunal sob holofotes no cenário internacional, sobretudo após os desdobramentos do 8 de Janeiro.
Barroso encerra o mandato defendendo “pacificação” e reafirmando que “a democracia venceu”. Resta saber se a mudança de comando aliviará a pressão política sobre o tribunal.
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Crédito da imagem: Pedro Ladeira/Folhapress