Fundo Florestas Tropicais para Sempre é a nova aposta do governo brasileiro para remunerar países que mantêm suas matas em pé. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentaram oficialmente o mecanismo nesta terça-feira (23), na sede da ONU, em Nova York, durante a Climate Week.
Idealizado por Brasil, Colômbia, Gana, Indonésia, Malásia e República Democrática do Congo, o fundo prevê pagamentos anuais calculados por hectare preservado, sem geração de créditos de carbono. Alemanha, Emirados Árabes, Estados Unidos, França, Noruega e Reino Unido já figuram como investidores pioneiros.
Fundo Florestas Tropicais para Sempre é lançado por Lula
Segundo o Plano apresentado, as nações investidoras devem aportar, inicialmente, US$ 25 bilhões em capital júnior, valor que pode alavancar até US$ 100 bilhões do setor privado. Os criadores estimam que o Tropical Forests Forever Fund (TFFF) gere US$ 4 bilhões por ano para mais de 70 países em desenvolvimento, dos quais o Brasil pode ficar com cerca de US$ 900 milhões, três vezes o orçamento discricionário atual do Ministério do Meio Ambiente.
Diferentemente do Fundo Amazônia, baseado no mecanismo REDD+, o TFFF funcionará como um fundo fiduciário: os recursos serão investidos em mercados de capitais e o spread entre o rendimento e o pagamento aos primeiros financiadores formará a quantia distribuída aos países tropicais. Pelo desenho, 20% desses repasses devem chegar diretamente a comunidades indígenas e tradicionais.
Para Marina Silva, o instrumento representa “uma virada de chave” ao transferir parte da conta global da preservação para quem mais se beneficia dela. Especialistas independentes, como André Guimarães, do Ipam, afirmam que o modelo ajuda a corrigir a atual assimetria da política climática, pois remunera serviços ambientais que beneficiam todo o planeta.
A proposta ganha relevância diante do ritmo lento de implementação do Acordo de Paris. Fora do guarda-chuva oficial da Convenção do Clima, o TFFF pode se tornar o principal trunfo político-ambiental da COP30, marcada para 2025, em Belém.

Mais detalhes sobre a iniciativa podem ser consultados no site da Organização das Nações Unidas, que sedia a apresentação.
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Crédito da imagem: O Globo