Moraes encerra oitivas e agenda interrogatórios de 23 réus da trama golpista

Brasília — O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concluiu nesta quarta-feira (23) as audiências com testemunhas de três núcleos da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022 e marcou para esta quinta (24) o início dos interrogatórios de 23 réus.
Depoimentos concluídos
Os depoimentos abrangeram os núcleos de Gerenciamento de Ações, Ações Coercitivas e Operações Estratégicas de Desinformação, que somam 21 acusados. As oitivas começaram na semana passada e foram conduzidas, em grande parte, por juízes auxiliares do gabinete do relator, Luciana Sorrentino e Rafael Henrique Janela Tamai Rocha. Moraes presidiu a sessão de 14 de julho, quando testemunhas da acusação, entre elas o delator Mauro Cid, falaram simultaneamente para os três grupos.
Inicialmente, estavam previstas mais de 150 testemunhas, mas parte delas declinou ou foi dispensada pelas defesas. Ao longo das sessões, juízes e procuradores solicitaram celeridade e vetaram perguntas consideradas repetitivas ou irrelevantes.
Interrogatórios têm curto intervalo
Encerradas as oitivas, Moraes fixou um intervalo de menos de 24 horas para iniciar os interrogatórios dos réus, medida que surpreendeu advogados atuantes no caso. As defesas alegam dificuldade para analisar o volume de provas reunidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em prazo tão restrito.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, não compareceu às audiências, sendo representado por procuradores da República. Após críticas, Moraes também intimou 20 testemunhas indicadas pelas defesas, além das arroladas pela PGR.

Imagem: redir.folha.com.br
Próximos passos no STF
Os interrogatórios dos 23 réus destes três núcleos ocorrerão nesta quinta (24) e na próxima segunda (28), com sessões simultâneas para dois núcleos em pelo menos um dos dias. Paralelamente, espera-se que a Primeira Turma julgue ainda este ano a denúncia contra o núcleo central, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes do alto escalão do governo.
Advogados veem a aceleração do processo como tentativa de evitar interferências no calendário eleitoral de 2026. O STF não comentou o cronograma.