Anistia do 8 de janeiro é o tema principal da reunião convocada pela ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) com colegas de partidos de centro-direita nesta segunda-feira, 8. O encontro, no Palácio do Planalto, busca alinhar estratégias para impedir que o projeto que perdoa condenados pelos ataques golpistas avance na Câmara.
Participam ministros indicados por MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos, legendas que mantêm diálogo direto com bancadas decisivas para a votação. A orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é clara: trabalhar para que a proposta não chegue ao plenário.
Anistia do 8 de janeiro: Gleisi articula ministros
Segundo auxiliares, Gleisi pretende cobrar atuação mais firme desses ministros junto às suas siglas. A preocupação aumentou após as negociações pela anistia ganharem fôlego, impulsionadas pela abertura do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e por pressões de líderes do centrão, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Nos bastidores, parlamentares veem o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) como sucessor natural de Bolsonaro. A estratégia, relatada por aliados do ex-mandatário, seria aprovar a anistia após eventual condenação, livrá-lo da prisão, mas manter a inelegibilidade, abrindo caminho para Tarcísio em 2026.
O Planalto, porém, classifica a proposta como “inaceitável”. Na semana passada, Gleisi afirmou que o governo “nem cogita” a votação e que trabalhará para derrubar o regime de urgência. A ministra considera prioritário reduzir a pressão sobre Motta para evitar que o texto seja pautado.
União Brasil e PP, que anunciaram desembarque formal da base, defendem anistia mais ampla, incluindo Bolsonaro. Juntas, controlam quatro ministérios e estatais como a Caixa Econômica Federal e a Codevasf. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), propõe apenas abrandar punições dos envolvidos de menor escalão.

Além da anistia, a reunião deve abordar projetos considerados centrais pelo governo, como a correção da tabela do Imposto de Renda para isenção até R$ 5.000 e a PEC da Segurança Pública. Integrantes do Executivo também vão discutir a acomodação política após a saída de União e PP.
Detalhes sobre o encontro devem ser divulgados ao longo do dia, mas fontes apontam que o principal objetivo é exibir unidade do governo frente à movimentação do centrão. Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo, a aprovação da anistia é vista no Planalto como capitulação política e ameaça à governabilidade.
Para acompanhar os desdobramentos desta pauta e outras iniciativas do governo, siga a cobertura completa em nossa editoria de Política e fique informado sobre as próximas votações no Congresso.
Pedro Ladeira – 6.jun.25/Folhapress