Centrais sindicais e movimentos de esquerda promovem neste domingo (7) manifestações em todo o país para defender a soberania nacional, pautas econômicas da classe trabalhadora e contestar a anistia a investigados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. As mobilizações, conhecidas como Grito dos Excluídos, ocorrem há duas décadas e, neste ano, pretendem funcionar como contraponto às marchas convocadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em São Paulo, o ato principal foi marcado para as 9h, na praça da República, no centro da capital. A Frente Povo Sem Medo, que reúne MST e MTST, e o Fórum das Centrais Sindicais estimam a chegada de 200 a 250 ônibus com manifestantes. A concentração matutina busca evitar choques com o protesto bolsonarista previsto para as 15h na avenida Paulista, a cerca de três quilômetros de distância.
Presenças confirmadas
Estarão na praça da República o ministro do Trabalho, Luiz Marinho; o presidente nacional do PT, Edinho Silva; os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Erika Hilton (PSOL-SP). Há expectativa de participação do secretário-geral da Presidência, Marcio Macêdo.
Pautas em destaque
A CUT não divulgou previsão de público, mas ressalta que a agenda inclui:
- isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil;
- taxação dos super-ricos;
- fim da jornada 6×1 e redução da carga de trabalho sem corte de salário;
- rejeição à “pelotização” irrestrita nas empresas.
Durante os atos, serão recolhidas assinaturas para um “plebiscito popular” que pressione o Congresso a deliberar sobre esses temas.
Disputas políticas
O presidente da CUT, Sergio Nobre, classificou o momento como “decisivo” e lembrou que o ato na Faculdade de Direito da USP, ocorrido em julho, já havia evidenciado a mobilização de setores progressistas. Ele também criticou as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, afirmando tratar-se de “manobra política” destinada a favorecer a candidatura de Bolsonaro em 2026.
Para o presidente da UGT, Ricardo Patah, conceder anistia ampla a envolvidos nos ataques às instituições significaria desvalorizar os Poderes. “Não dá para pensar em perdão irrestrito; o Supremo tem mantido equilíbrio e o Parlamento não deve ceder a pressões”, disse.
Dirigente do MST, Gilmar Mauro vê o 7 de Setembro como teste de mobilização da esquerda, mas evita comparar números com as manifestações bolsonaristas: “Queremos reativar a militância progressista em todo o Brasil”.
Agenda nacional
Mais de 40 atos estão programados em 23 estados e no Distrito Federal. Veja alguns horários:
Nordeste
Maceió (AL): Praça da Faculdade, 8h
Salvador (BA): Campo Grande, 9h
Fortaleza (CE): Praia do Futuro, 8h
Recife (PE): Parque 13 de Maio, 9h

Norte
Belém (PA): Escadinha do Cais do Porto, 9h
Macapá (AP): Av. Cabral, 7h
Boa Vista (RR): Praça Germano Sampaio, 15h30
Centro-Oeste
Brasília (DF): Praça Zumbi dos Palmares, 10h
Goiânia (GO): Praça do Trabalhador, 8h30
Sudeste
São Paulo (SP): Praça da República, 9h
Rio de Janeiro (RJ): Rua Uruguaiana, 9h
Belo Horizonte (MG): Praça Raul Soares, 9h
Sul
Porto Alegre (RS): Largo dos Açorianos, 14h
Florianópolis (SC): Parque da Luz, 8h30
As entidades organizadoras ressaltam que a vigília popular busca tanto pressionar o Supremo Tribunal Federal, que analisa réus por tentativa de golpe, quanto demonstrar força diante do chamado “tarifaço” denunciado nos últimos meses.
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As manifestações do 7 de Setembro servirão de termômetro para a capacidade de organização da esquerda nas ruas, ao mesmo tempo em que marcarão posição contra a anistia a investigados e em defesa de mudanças na política econômica.
Com informações de Folha de S.Paulo