São Paulo – Apontado como herdeiro político de Jair Bolsonaro (PL), o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) prepara‐se para conciliar o apoio público ao ex‐presidente, a participação no ato do 7 de Setembro na avenida Paulista e uma estratégia de baixo perfil durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal que pode condenar Bolsonaro por envolvimento em suposta trama golpista.
Segundo auxiliares, Tarcísio permanecerá no Palácio dos Bandeirantes em compromissos internos enquanto os ministros analisam a fase final do processo. A expectativa é que, caso o ex‐presidente seja condenado, o governador manifeste solidariedade e reforce o discurso de inocência, evitando, porém, ações mais incisivas além da presença já confirmada na manifestação do Dia da Independência.
Declarações de lealdade
O governador tem reiterado publicamente a confiança em Bolsonaro. Em 21 de agosto, um dia após a Polícia Federal sugerir o indiciamento do ex‐chefe do Executivo e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Tarcísio afirmou que mantém “uma relação de lealdade, amizade e gratidão”.
Em 29 de agosto, durante agenda em Santo André (ABC paulista), voltou a dizer ter “convicção absoluta” na inocência do aliado e que um indulto presidencial seria seu primeiro ato caso chegasse ao Planalto.
Contato constante e tensão com o clã
Embora tenha visitado Bolsonaro apenas uma vez desde que o ministro Alexandre de Moraes determinou prisão domiciliar, Tarcísio conversa regularmente com o ex‐presidente por meio de Diego Torres Dourado, cunhado de Bolsonaro e assessor especial no governo paulista. Para interlocutores, a ausência de críticas de Bolsonaro às movimentações eleitorais de Tarcísio é vista como sinal de aval.
Entre os filhos do ex‐mandatário, contudo, o clima é diferente. Mensagens reveladas pela PF indicam desconfiança de Eduardo Bolsonaro em relação ao governador; o deputado cogita lançar‐se candidato ao Planalto mesmo sem o apoio do pai. Carlos Bolsonaro também intensificou ataques a governadores de direita, chamando‐os de “ratos” e “oportunistas”.
Outros presidenciáveis cautelosos
A cautela não se limita a São Paulo. Aliados dos governadores Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) afirmam que eles não alterarão o tom nas próximas semanas, apesar da pressão bolsonarista. Ambos já criticaram o processo no STF, mas rejeitam confrontar a Corte ou definir presença no 7 de Setembro.
Romeu Zema (Novo-MG) tem sido o mais duro nas críticas ao ministro Alexandre de Moraes e confirmou participação no ato da Paulista.

Para analistas políticos próximos ao governador paulista, a postura moderada de Tarcísio busca manter abertas as opções entre disputar a Presidência em 2026 ou tentar a reeleição em São Paulo, além de evitar ser tratado como adversário direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da hora.
O assunto segue movimentando bastidores da direita, enquanto líderes partidários observam se a condenação ou absolvição de Bolsonaro alterará o tabuleiro de alianças. Até lá, Tarcísio pretende sustentar o discurso de lealdade e permanecer longe dos holofotes nas datas decisivas, aparecendo apenas no emblemático 7 de Setembro.
Este resumo reúne os principais pontos sobre a estratégia do governador paulista diante do julgamento de Bolsonaro. Continue acompanhando nossa cobertura para saber como as decisões do STF e os desdobramentos políticos podem redesenhar o cenário eleitoral.
Com informações de Folha de S.Paulo
Para entender como ações semelhantes impactaram outras figuras políticas, confira nossa sessão especial em Política e mantenha‐se informado.