O modelo de negócios dos serviços de streaming, antes apontado como alternativa barata e prática à TV por assinatura, vem perdendo fôlego após sucessivos reajustes de preços, inclusão de publicidade e restrições ao compartilhamento de contas. Levantamento apresentado em 30 de agosto de 2025 indica que a Netflix, por exemplo, elevou o valor da assinatura em 300% desde sua chegada ao Brasil, em setembro de 2011.
Reajustes e novos planos
Quando desembarcou no país, a Netflix cobrava R$ 15 pelo plano que oferecia duas telas simultâneas em qualidade Full HD. Desde então, o pacote equivalente — hoje denominado “Padrão” — passou a custar R$ 44,90, diferença que representa exatamente três vezes o preço original.
Para tentar conter a insatisfação, a companhia lançou um plano mais barato, a R$ 20,90, mas com anúncios durante a exibição de filmes e séries. A estratégia foi seguida por rivais como Disney+, HBO Max e Prime Video, que adotaram faixas de preço semelhantes em modalidades que exibem publicidade.
Compartilhamento de contas sob cerco
Outro ponto que motiva a debandada de assinantes é a ofensiva contra o uso compartilhado de senhas. Em 2023, a Netflix implementou a política de “residência” no Brasil, exigindo que todos os dispositivos de uma conta estejam na mesma casa. Usuários fora do endereço cadastrado precisam pagar uma taxa extra ou solicitar liberação temporária para viagens. A medida motivou ação do Procon-SP e resultou em multa de R$ 12,5 milhões aplicada pelo Tribunal de Justiça paulista, ainda passível de recurso.
Disney+ e HBO Max também passaram a cobrar valores adicionais pelo compartilhamento, sinalizando que a prática deve se tornar padrão no setor.
Consumidores buscam alternativas
O encarecimento das plataformas e a fragmentação de catálogos vêm reavivando o interesse por mídias físicas e impulsionando, novamente, o consumo de conteúdos não licenciados. Relatório de 2024 sobre o mercado brasileiro de música apontou crescimento de 31,5% na venda de álbuns físicos, com os discos de vinil respondendo por 76,7% do faturamento. No segmento audiovisual, a pirataria na América Latina avançou 7,88% entre 2022 e 2023 e manteve leve alta de 0,1% em 2024.
Dificuldades para encontrar títulos também estimulam o retorno a velhas práticas. O filme “Blade Runner 2049” ilustra o problema: segundo a pesquisa, em agosto de 2025 ele estava disponível apenas para aluguel avulso na Apple TV+, e não incluído no catálogo da assinatura de R$ 21,90.

Impacto em outros serviços digitais
O cenário de reajustes não se limita a filmes e séries. Adobe Creative Cloud, Xbox Game Pass, PlayStation Plus e Spotify também anunciaram aumentos recentes, reforçando a percepção de que o custo do acesso digital se aproxima cada vez mais dos valores praticados na era da TV paga.
A tendência, segundo especialistas consultados pelo levantamento, é que consumidores priorizem menos serviços simultâneos ou optem por modelos de aquisição definitiva de conteúdos, seja por compra de discos, mídias digitais ou downloads alternativos.
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O aumento de preços, a inclusão de anúncios e as limitações ao compartilhamento de contas mudaram a percepção de custo-benefício dos streamings. Resta aos usuários avaliar quais plataformas realmente valem a assinatura.
Com informações de TecMundo