Tecnologia

Inteligências artificiais brasileiras ganham espaço com modelos treinados em português

O avanço das inteligências artificiais generativas no Brasil começa a produzir resultados próprios. Diferentes iniciativas nacionais já disponibilizam chatbots, APIs e modelos de linguagem treinados em bases de dados locais, com foco em aplicações que vão de serviços públicos a consultoria jurídica.

Amazônia IA

Lançada em abril de 2025 pela WideLabs, em parceria com Oracle e Nvidia, a Amazônia IA foi o primeiro grande modelo de linguagem (LLM) desenvolvido integralmente no país. O código é 100% brasileiro e utiliza infraestrutura local alimentada por energia renovável. O chatbot atua em áreas como direito, educação, saúde, segurança e vendas, oferecendo ainda versões para transcrição de áudio, leitura de imagens e um modelo compacto de menor custo. O acesso ao público é gratuito mediante cadastro, enquanto a solução Amazônia IA 360 adapta o serviço para empresas.

Sabiá-3

Produzido pela Maritaca AI, spin-off de pesquisadores da Unicamp, o Sabiá começou a ser desenvolvido em 2023. Disponível como chatbot sem cobrança ou via API paga, o sistema traduz textos, responde perguntas, gera conteúdos criativos e lê PDFs de até 100 páginas. O treinamento foi feito majoritariamente com dados em português, e a companhia oferece planos escalonados conforme o volume de tokens, incluindo a versão de entrada Sabiazinho.

SoberanIA

Em junho de 2025, o Governo do Piauí apresentou o SoberanIA, plataforma pública voltada a atendimento institucional, elaboração de políticas e pesquisa. O modelo foi alimentado com o conjunto de dados Jabuticaba, que reúne mais de 130 bilhões de palavras em português. Uma segunda fase, batizada de Soberano I, está prevista para dezembro de 2025 e deve ampliar o número de tokens e as aplicações práticas. Por enquanto, o acesso ocorre apenas por API interna.

EscavAI

Voltada ao universo jurídico, a EscavAI foi lançada em março de 2025 pelo site Escavador, com apoio da Unicamp e da startup NeuralMind. O chatbot resume processos, esclarece dúvidas legislativas e redige documentos no formato adequado. A plataforma é atualizada com a jurisprudência mais recente e está disponível gratuitamente dentro dos serviços do Escavador ou via assinatura a partir de R$ 9,90 mensais.

Gaia

Desenvolvido pelo Instituto de Informática da UFG em conjunto com a Associação Brasileira de Inteligência Artificial, o Gaia utiliza a arquitetura aberta Gemma 3 da Google e foi pré-treinado exclusivamente em textos em português. Nos testes, superou modelos equivalentes do ChatGPT em até 30% das tarefas no idioma. Embora ainda sem interface pública, o código está disponível no repositório Hugging Face e já é usado de forma experimental pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás.

Os casos demonstram que, apesar de a maior parte dos usuários brasileiros recorrer a plataformas estrangeiras, há um ecossistema local em formação, com projetos que priorizam dados nacionais, parcerias acadêmicas e soluções para demandas específicas, sobretudo no setor público e no meio jurídico.

Para acompanhar outras novidades sobre IA desenvolvida no país, visite nossa seção de Inteligência Artificial.

Com informações de TecMundo

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