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Especialista dos EUA vê dificuldades para ampliar sanções contra Alexandre de Moraes

Ampliar as penalidades impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes exigirá um grau de esforço político e jurídico muito maior do que simplesmente incluí-lo em listas de sanções, afirma a professora de direito internacional Jean Galbraith, da Universidade da Pensilvânia.

A jurista, referência em relações exteriores norte-americanas, avalia que o grande teste será a disposição do Departamento do Tesouro e do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) em pôr em prática medidas mais severas. “Apontar nomes é a parte fácil; executar punições amplas consome capital político e levanta questionamentos legais”, disse Galbraith.

Pressão virtual alimenta expectativa

Nas últimas semanas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo ampliaram a pressão nas redes, sugerindo que Washington poderia endurecer o pacote contra Moraes e, por tabela, contra o Brasil. Para Galbraith, entretanto, ações como excluir o país do sistema internacional Swift seriam “agressivas demais” e provocariam reações globais que os Estados Unidos teriam dificuldade em administrar.

Ritmo costuma ser mais lento que a retórica

Casos recentes indicam que o avanço norte-americano costuma ser gradual. A professora cita o exemplo da juíza eslovena Beti Hohler, do Tribunal Penal Internacional (TPI), alvo de sanções por autorizar pedido de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Apesar do discurso contundente da Casa Branca, bancos que fazem operações com a magistrada ainda não foram bloqueados.

Base legal contestada

Moraes foi enquadrado na Lei Magnitsky Global, combinada à Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA). Segundo Galbraith, a interpretação adotada por Washington para incluir o ministro — por sua atuação em processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e em questões de liberdade de expressão — é “ampla e agressiva”. Ela classifica o ato como um “tiro de advertência”, em que tarifas comerciais podem ser o objetivo final.

A especialista lembra que o ex-presidente Donald Trump recorreu nove vezes a declarações de emergência em apenas sete meses de mandato, usando dispositivos vagos aprovados pelo Congresso para justificar diversas punições, inclusive contra produtos brasileiros, tarifados em 50% em 2020.

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Dilemas para bancos e governo

Para instituições financeiras brasileiras, o cenário gera incerteza, pois elas precisam obedecer a legislações conflituosas. Já Moraes teria poucas alternativas na Justiça dos EUA, aponta Galbraith. Alvos secundários, como bancos ou empresas, poderiam questionar o alcance da Lei Magnitsky, alegando que a norma só se aplicaria se comprovado auxílio direto a violações subjacentes.

“O Tesouro e a Presidência estão estendendo a lei além do texto. Usam a incerteza e o medo para cumprir a missão”, resume a professora.

Para acompanhar outras movimentações no tabuleiro político, confira a nossa cobertura completa de notícias.

Com informações de Folha de S.Paulo

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