Aliados de Tarcísio articulam Mello Araújo para vaga de Eduardo Bolsonaro ao Senado em 2026

São Paulo — Líderes de partidos aliados ao governador Tarcísio de Freitas iniciaram movimento para lançar o vice-prefeito da capital, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), como candidato ao Senado em 2026, em substituição a Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Por que Eduardo Bolsonaro pode ficar fora da disputa
O grupo político avalia que o deputado, atualmente nos Estados Unidos, dificilmente retornará para a eleição. A percepção decorre do protagonismo dele na defesa de sanções econômicas impostas pelo governo Donald Trump ao Brasil, medida que provocou sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Aliados consideram a bandeira difícil de explicar ao eleitorado paulista.
Em entrevista recente, Eduardo afirmou estar disposto a “morrer no exílio” para sustentar suas pautas de “liberdade”, indicando pouca disposição para voltar ao país. Dentro do PL, há ainda a possibilidade de ele tentar a Presidência caso regresse, o que reforça a necessidade de um novo nome para a corrida ao Senado.
Mello Araújo desponta como opção bolsonarista
Ex-comandante da Rota e militar da reserva, Mello Araújo é visto como fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro e capaz de mobilizar o eleitorado conservador no interior paulista. Embora ele negue ter sido sondado — “Se cogitaram, não estou sabendo” —, admitiu que a decisão final caberá a Bolsonaro.
A articulação reúne Tarcísio, Ciro Nogueira (PP), Antônio Rueda (União Brasil), Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD) e Renata Abreu (Podemos). O plano original previa chapa informal com Eduardo e o atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), para concentrar o voto de centro-direita. Cada estado elegerá dois senadores em 2026, e cada partido pode registrar até dois candidatos.
Riscos e atritos internos
Apesar do apoio nacional, Mello Araújo enfrenta resistências dentro da prefeitura paulistana. Aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB) relatam que o vice toma decisões sem consulta, como o veto temporário a R$ 200 mil em emendas para evento esportivo, revertido por Nunes após viagem oficial. Esse comportamento tem ampliado o desconforto na base governista municipal.
Nos bastidores, Nunes cogita disputar o governo estadual caso Tarcísio concorra à Presidência em 2026. Se prefeito e vice deixarem os cargos, a administração municipal passaria ao presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União Brasil), aliado do ex-vereador Milton Leite.
Com a indefinição sobre o futuro de Eduardo Bolsonaro, a movimentação em torno de Mello Araújo sinaliza reorganização no campo bolsonarista paulista para assegurar presença no Senado na próxima eleição.