Prefeitura do Rio determina retirada de 400 câmeras instaladas pela Gabriel Tecnologia

A startup carioca Gabriel Tecnologia terá de remover mais de 400 câmeras de vigilância instaladas em vias públicas do Rio de Janeiro até dezembro de 2025. A ordem foi formalizada pela Prefeitura após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), concluir que o equipamento foi colocado sem autorização para operar em espaços públicos.
Irregularidades e penalidades
Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, a empresa já acumula aproximadamente R$ 12 mil em multas. O secretário Gustavo Guerrante explicou que, em 2024, foram abertos cinco procedimentos administrativos por “desconformidade na instalação” dos aparelhos. Além das penalidades, a administração municipal considerou que as câmeras provocavam interferência indevida no calçamento.
O que faz a Gabriel Tecnologia
Fundada em 2020 por Erick Coser, Otávio Miranda e Sérgio Andrade, a Gabriel Tecnologia nasceu com a proposta de formar uma rede integrada de vigilância para condomínios, residências e comércios, utilizando inteligência artificial para reconhecer padrões suspeitos. O modelo de negócios chamou a atenção de investidores: em 2021, a SoftBank aportou R$ 66 milhões na empresa, e, em janeiro de 2024, novos aportes somaram outros R$ 35 milhões destinados à expansão em São Paulo.
Parceria controversa com autoridades
A relação da startup com órgãos policiais gerou questionamentos em abril de 2023, quando o site Intercept Brasil divulgou imagens de suspeitos detidos que teriam sido compartilhadas pelos canais internos da empresa antes de qualquer pedido formal das autoridades. À época, a Gabriel declarou que só repassa conteúdo com respaldo legal e que mantém sigilo sobre material eventualmente fornecido pela polícia.
Retirada programada
Apesar da determinação municipal, os dispositivos continuam funcionando temporariamente. Erick Coser afirmou a representantes da Prefeitura que a empresa “já trabalha para o desligamento”, mas ressaltou que o processo exige tempo por envolver desmontagem física e realocação dos equipamentos.
A Prefeitura não descarta permitir novas câmeras no futuro, desde que a Gabriel obtenha todas as licenças previstas em lei. Até lá, a empresa segue obrigada a retirar e reposicionar os dispositivos já instalados.

A decisão aumenta o debate sobre o uso de equipamentos de vigilância privados em locais públicos e os riscos à privacidade dos cidadãos, tema que deve continuar na pauta da CPI das Câmeras e da administração municipal.
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Com informações de TecMundo