Estudo revela 10 desafios prioritários para conselhos de empresas no Brasil
Um levantamento do Evermonte Institute, conduzido entre março e abril de 2025 com 133 conselheiros, identificou os principais obstáculos que ocupam a agenda dos boards no país. Gestão de riscos e sucessão de liderança aparecem como as questões mais citadas, ambas com 57,9% das menções.
Riscos, sucessão e transformação digital lideram preocupações
De acordo com a pesquisa, os dez temas mais desafiadores para os conselhos são:
1. Gestão de riscos – 57,9%
2. Sucessão e desenvolvimento de liderança – 57,9%
3. Transformação digital e inovação – 57,1%
4. Pressões externas (crises económicas ou geopolíticas) – 47,4%
5. Gestão de expectativas dos acionistas – 42,1%
6. Governança de dados e cibersegurança – 32,3%
7. Compliance e regulatório – 27,8%
8. ESG e sustentabilidade – 18,8%
9. Engajamento com stakeholders – 17,3%
10. Diversidade e inclusão – 11,3%
Segundo Felipe Ribeiro, sócio da Evermonte Executive Search, muitos conselhos mantêm uma abordagem reativa, adiando debates estruturantes por considerá-los complexos ou pouco tangíveis no curto prazo.
Perfil dos conselheiros e assimetrias de gênero
A primeira edição da Board Trends Brazil aponta predominância de homens entre 51 e 60 anos, com trajetória em Finanças. Há também forte concentração regional: 65,4% atuam no Sudeste e 53,4% no Sul. Nordeste (13,5%) e Centro-Oeste (10,5%) surgem em seguida, refletindo a distribuição do poder económico.
Entre 2011 e 2020, 39,1% dos participantes ingressaram em seu primeiro conselho; após 2020, a taxa permaneceu elevada, em 34,6%, impulsionada por perfis ligados a tecnologia e sustentabilidade.
A diversidade de gênero continua baixa. Em 27,1% dos conselhos não há mulheres, enquanto apenas 12% contam com três a cinco conselheiras. Apesar do aumento de 44,4% na entrada de mulheres desde 2020, a projeção de paridade de gênero foi adiada para 2038.
Avaliação de desempenho ainda é exceção
O estudo revela que 39,8% dos boards brasileiros não adotam mecanismos formais de autoavaliação anual, prática comum em quase 98% dos conselhos internacionais. Para Ribeiro, a ausência desse processo pode dificultar avanços em diversidade, sucessão e outros temas críticos.
Como caminhos de melhoria, o especialista sugere criar comitês técnicos, ampliar a presença de conselheiros independentes e recorrer a aconselhamento externo pontual, estratégias que podem ampliar competências e reduzir vieses nas decisões do colegiado.