São Paulo — Três anos depois da estreia do podcast que revelou a identidade da moradora de uma mansão em ruínas em Higienópolis, a série documental “A Mulher da Casa Abandonada”, lançada em agosto de 2025 no Prime Video, atualiza o paradeiro de todos os envolvidos no caso que expôs o trabalho escravo doméstico praticado nos Estados Unidos.
Margarida Bonetti segue na mansão de Higienópolis
Margarida Bonetti, hoje com 73 anos, continua vivendo na mesma casa que pertence à família desde os anos 1930. O imóvel permanece em estado de deterioração, com fachada pichada e janelas quebradas. Desde que retornou ao Brasil em 1999, após ser denunciada nos EUA, Margarida não responde à Justiça norte-americana: o crime de trabalho escravo prescreveu em território brasileiro.
A produção do Prime Video mostra que, logo após a fuga dos Estados Unidos, ela se escondeu no interior paulista sob o nome “Maria”. Mais tarde, voltou definitivamente para Higienópolis. Sem dar entrevistas, Margarida aparece em rápida cena acenando de uma janela durante as filmagens.
Condenado, Renê Bonetti reconstruiu a vida nos Estados Unidos
Renê Bonetti, de 74 anos, foi condenado nos EUA em 2000 a seis anos e meio de prisão e ao pagamento de US$ 110 mil em indenização à ex-empregada Hilda Rosa dos Santos. Após cumprir a pena, o engenheiro paulista permaneceu no país, fixando residência em Sterling, Virgínia.
De acordo com informações de seu perfil no LinkedIn, Renê trabalha atualmente como gerente de cargas úteis na Northrop Grumman, uma das maiores companhias aeroespaciais norte-americanas. Reservado, ele evita aparições públicas e não participou do documentário. Ao longo do processo, sempre negou ter cometido qualquer crime, afirmando considerar Hilda “uma amiga da família”.
Hilda Rosa dos Santos rompe o silêncio
Pela primeira vez diante das câmeras, Hilda detalha 20 anos de abusos, negligência médica e ausência de pagamento de salário enquanto servia ao casal Bonetti. Hoje radicada nos Estados Unidos, ela dedica-se a debates sobre o combate ao trabalho escravo e relata ter passado por múltiplas cirurgias depois de fugir com ajuda de vizinhos.
Outros depoimentos
A série de três episódios traz ainda relatos do jornalista Chico Felitti, que investigou o caso em 2022, dos vizinhos Mari Muradas e Marcio Aith, e do agente do FBI Don Naily, responsável pela operação que libertou Hilda. A direção é de Katia Lund, que destacou a participação da vítima como fator decisivo para novas fontes aceitarem falar.
Os episódios de “A Mulher da Casa Abandonada” estão disponíveis no Prime Video, que oferece 30 dias de teste gratuito, enquanto o podcast original segue acessível em plataformas como YouTube e Spotify.
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Com informações de TecMundo
