Fita cassete: dos ditados escolares ao ressurgimento nostálgico nas prateleiras de 2025

A fita cassete, lançada em 1962 pela Philips, marcou gerações ao permitir que músicas fossem levadas no bolso. Seis décadas depois, esse suporte analógico vive um novo fôlego, impulsionado por colecionadores, artistas e indústrias que voltaram a produzir o formato.
Origem e primeiro aparelho
Apresentada na Berlin Radio Show de 1962, a “compact cassette” foi criada pelo engenheiro Lou Ottens. Em 1963, o gravador Philips EL 3300, apelidado no Brasil de Mini-K7, chegou ao mercado. A proposta inicial era educacional: registrar ditados e lições de idiomas. O slogan destacava o tamanho, “Menor que um maço de cigarros”, enfatizando a portabilidade — característica que superava a limitação dos discos de vinil, então dominantes.
Anos 1960: tentativas concorrentes
Várias empresas tentaram rivalizar com o novo padrão. Em 1958, a RCA apresentou um cartucho de 60 minutos; em 1964 surgiu o Stereo 8, com oito pistas de áudio, e em 1969 a Olympus lançou a microcassette. Nenhum, porém, alcançou a popularidade do formato da Philips.
Revolução portátil com o Walkman
A virada veio em 1979, quando a Sony apresentou o Walkman, idealizado pelo cofundador Masaru Ibuka e desenvolvido pelo time de Norio Ohga. O aparelho transformou a relação com a música, permitindo ouvir álbuns inteiros na rua. No Brasil, gravadores 3 em 1 de marcas como Gradiente e CCE reforçaram a febre de fitas e impulsionaram a prática das “mixtapes”.
Auge na década de 1980
Com a inclusão da tecnologia de redução de ruído Dolby, a qualidade sonora melhorou e, em 1985, as vendas de cassetes superaram as de vinis. Na mesma época, surgiu o DAT da Sony, voltado a estúdios, e computadores também usavam cassetes para armazenar programas.
Desafios e queda de mercado
A década de 1990 trouxe concorrentes digitais: o CD, o MiniDisc e o Digital Compact Cassette (DCC). Apesar de melhorias, o DCC fracassou. Em 2001, o mercado de fitas representava apenas 5% das mídias físicas, cenário agravado pelo lançamento do iPod. Em 2010, a Sony encerrou a produção do Walkman para fitas, simbolizando o fim de uma era.
Sobrevivência e renascimento
Mesmo assim, o cassete continuou útil em jornalismo, investigações e arquivologia. A partir de 2015, as vendas triplicaram nos Estados Unidos e dobraram novamente entre 2020 e 2021, impulsionadas pelo apelo retrô de filmes como “Guardiões da Galáxia”. No Brasil, a Polysom retomou a fabricação em 2018 e o mercado cresceu 35% em 2023. Artistas como Taylor Swift, Beyoncé, Adele e Harry Styles lançaram edições em cassete para atender fãs nostálgicos.

Legado cultural
Além de produto comercial, o cassete foi peça-chave para a cultura hip-hop, gravações demo de bandas iniciantes e a expansão da pirataria musical por meio das “fitas de rádio”. A “pequena caixa” — tradução de cassette do francês — segue presente como símbolo de uma era em que rebobinar com a caneta Bic fazia parte do ritual de ouvir música.
Mesmo com soluções digitais dominando o cotidiano, a fita cassete demonstra que nostalgia e tangibilidade ainda têm espaço no mercado fonográfico. Consumidores e artistas, portanto, mantêm viva a história de um dos formatos mais emblemáticos da indústria musical.
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Com informações de TecMundo