Lula rebate relatório dos EUA e libera R$30 bi para enfrentar tarifaço

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contestou nesta quarta-feira (13) as conclusões do relatório anual do Departamento de Estado norte-americano sobre direitos humanos no Brasil e, no mesmo evento, assinou medida provisória que disponibiliza R$ 30 bilhões em crédito para setores atingidos pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Críticas de Washington e resposta do Planalto
O documento “2024 Country Reports on Human Rights Practices: Brazil” afirma que a situação dos direitos humanos no país se “deteriorou” em 2024, menciona decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e aponta restrições a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em resposta, Lula declarou que é necessário “olhar para quem está acusando” e defendeu a autonomia dos Três Poderes, argumentando que o Brasil não viola regras internacionais de direitos humanos. O chefe do Executivo também recordou o apoio histórico dos EUA ao golpe militar de 1964 para criticar interferências externas.
Tarifaço de Trump e plano de contingência
No mesmo ato no Palácio do Planalto, Lula formalizou linha de crédito de R$ 30 bilhões voltada sobretudo a micro e pequenas empresas e a exportadores de produtos como tilápia e mel. A medida tenta mitigar o impacto do decreto americano que elevou tarifas e excluiu cerca de 700 itens brasileiros da taxação, preservando apenas nichos como castanha-do-pará e suco de laranja. Café e carne, relevantes para o mercado norte-americano, não ficaram isentos.
O vice-presidente Geraldo Alckmin tem conduzido reuniões com representantes dos setores afetados e mantido contato com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnik. Paralelamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discute o tema com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent. O plano de contingência prevê ainda estímulo a compras governamentais para sustentar empresas impactadas.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, sinalizou que Washington poderá rever a inclusão de café e carne nas tarifas, dada a relevância desses produtos para consumidores norte-americanos. Enquanto isso, o governo brasileiro reforça a estratégia de negociação e a crítica ao que considera medidas “injustificáveis” da administração Trump.