Lula alerta centrão para custo político de barrar pautas do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante almoço com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que partidos do centrão e da oposição podem sofrer desgaste eleitoral caso insistam em bloquear projetos de interesse do Executivo e apoiem medidas externas contrárias ao país.
Recado após obstrução no Congresso
O encontro ocorreu na quinta-feira (data não divulgada), um dia depois de parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro interromperem votações na Câmara dos Deputados. Segundo relatos de participantes, Lula recordou críticas recebidas pela oposição quando setores políticos defenderam tarifas impostas pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros. Pesquisas citadas pelo presidente indicariam que parte do eleitorado atribui eventuais prejuízos econômicos aos grupos que apoiam tais sanções.
PSD no foco das articulações
Apesar de comandar três ministérios — Minas e Energia, Agricultura e Pesca — o PSD mantém possíveis pré-candidatos ao Planalto para 2026, os governadores Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS). Kassab, que já fez críticas públicas ao atual governo e manifestou solidariedade a Bolsonaro após a decretação de prisão domiciliar, ressaltou a Lula que a legenda trabalha com candidatura própria e que alianças eleitorais não estavam na pauta do almoço.
A conversa contou com os ministros Alexandre Silveira, Carlos Fávaro e André de Paula; o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA); o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA).
Ataques tarifários e novos mercados
Lula declarou que a resposta brasileira ao aumento de tarifas norte-americanas passa pela busca de novos parceiros comerciais. Ele elogiou a atuação da bancada do PSD em algumas votações, mas cobrou fidelidade das siglas com assento na Esplanada.

Contexto mais amplo
Nas últimas semanas, o presidente tem intensificado reuniões com lideranças de MDB e União Brasil, além do PSD, para tentar consolidar apoio parlamentar. Mesmo com cargos no governo, partidos do centrão somam derrotas impostas ao Palácio do Planalto em votações estratégicas.
No mesmo dia do almoço, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — de quem Kassab é secretário de Governo — esteve em Brasília para visitar Bolsonaro, em prisão domiciliar, reforçando o clima de disputa dentro do bloco de apoio formal ao Executivo.