Inteligência artificial acelera transformação na gestão de frotas brasileiras

A adoção de telemática, videotelemática e algoritmos de inteligência artificial está a redefinir a logística de transportes no Brasil, substituindo o tradicional controle em papel por sistemas que analisam milhares de parâmetros em tempo real.
Do tacógrafo ao big data sobre rodas
Empresas que operam grandes frotas passaram a trocar o disco de tacógrafo por sensores capazes de registar velocidade, uso do cinto, frenagens, consumo de combustível, pressão dos pneus e até acionamento de limpadores de para-brisa, indicador indireto de chuva numa rota. A Geotab, multinacional presente em mais de cinco milhões de veículos, estima recolher cerca de 75 mil milhões de pontos de dados diários em todo o mundo. No Brasil, a informação permanece armazenada no próprio veículo durante falhas de sinal, com capacidade para guardar até 85 mil registos, o que equivale a aproximadamente um mês de operação offline.
Segurança, custo e ambiente no centro dos resultados
As aplicações práticas vão da redução de acidentes à economia de diesel. Câmaras internas detetam sonolência ou uso de telemóvel e geram alertas preventivos. O acompanhamento de tempo ocioso, rotas e estilo de condução corta despesas com combustível, enquanto a leitura contínua de sensores permite manutenção preditiva do motor, travões e bateria. Empresas com metas de emissões zero utilizam os relatórios para medir e diminuir a pegada de carbono.
Barreiras culturais e casos de referência
Apesar do avanço tecnológico, especialistas apontam a cultura organizacional como obstáculo principal. Gestores ainda limitam a gestão de frotas à localização de cargas, ignorando dashboards personalizados que destacam indicadores críticos, como índices de colisão ou ociosidade. Companhias como Mercado Livre e PepsiCo já demonstram retorno sobre o investimento ao reduzir segundos no tempo de entrega, litros de diesel consumidos e sinistros em estrada.

Perspectivas para eletrificação e expansão
Com uma frota cuja idade média ultrapassa 12 anos e uma malha rodoviária de 1,2 milhão de quilómetros, o Brasil surge como laboratório para novas soluções, incluindo monitorização de autonomia, tempo de carregamento e consumo energético em veículos elétricos. A integração de dados em nuvem, combinada com IA, tende a guiar decisões que preservam vidas, cortam custos operacionais e limitam impactos ambientais, consolidando a transformação digital do transporte de mercadorias no país.