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Intervenção de Lira encerra motim e expõe fragilidade de Hugo Motta na Câmara

Um protesto de deputados alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro paralisou o plenário da Câmara na noite de quarta-feira (6) e colocou em xeque a autoridade do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A crise só foi superada após o ex-comandante da Câmara Arthur Lira (PP-AL) assumir as negociações, evidenciando a dependência de Motta do seu padrinho político.

Motim e retomada do plenário

Os bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora em protesto contra a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes dois dias antes. Motta agendou sessão para as 20h30, ameaçou suspender mandatos de quem resistisse, mas só entrou em plenário depois das 22h. Demorou seis minutos para tentar ocupar a cadeira e recuou diante da recusa de Marcel van Hattem (Novo-RS) em se levantar. O assento só foi retomado quando colegas o empurraram até a Mesa.

Mesmo com a ocupação encerrada, não houve votação: PP e União Brasil mantiveram obstrução. No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) optou por sessão remota, evitando confronto presencial.

Exigências e articulação de Lira

Os manifestantes condicionaram a desocupação a duas pautas: mudança no foro especial para retirar processos do STF e anistia ampla aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Após reunião improdutiva com Motta, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, acionou Lira, que passou a dialogar com Dr. Luizinho (PP-RJ) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O trio prometeu construir apoio às demandas, destravando o impasse.

Impacto na liderança de Motta

Parlamentares de diferentes bancadas avaliam que Motta saiu fragilizado. Aliados admitem que ele quase perdeu o controle da Casa e destacam dificuldades antigas, como acordos não cumpridos — entre eles a relatoria da LDO de 2026 para o PT — e a votação surpresa que derrubou o decreto do IOF. A falta de verbas de emendas, recurso usado por Lira para fidelizar deputados, também limita sua capacidade de articulação.

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A instabilidade reforça dúvidas sobre a reeleição de Motta à presidência da Câmara em 2027. Nomes como Elmar Nascimento ganham espaço nas conversas de bastidor, aproveitando o vácuo deixado pelo episódio.

Agenda imediata

Para conter a percepção de fraqueza, Motta convocou sessão para esta quinta-feira (7) com a meta de votar a medida provisória que acelera a fiscalização de benefícios previdenciários. A aprovação é considerada crucial para evitar a caducidade do texto na próxima semana e para demonstrar capacidade de comando após a crise.

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