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Ocupação bolsonarista expõe fragilidade de Hugo Motta e exige ação de Arthur Lira

A resistência de deputados aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro impediu, na noite de quarta-feira (6), o regular funcionamento do plenário da Câmara dos Deputados e colocou em xeque a autoridade do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A intervenção do ex-comandante da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi decisiva para que Motta voltasse à cadeira após mais de duas horas de impasse.

Plenário bloqueado e sessão adiada

A sessão estava marcada para as 20h30, mas Motta só se dirigiu ao púlpito depois das 22h. Mesmo assim, levou cerca de seis minutos para conseguir sentar; acabou recuando diante da recusa do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) em desocupar o espaço. A retomada definitiva da mesa só ocorreu quando colegas empurraram a cadeira em direção a Motta.

Sem acordo, não houve votação. Dois partidos da base governista — PP e União Brasil — mantiveram a obstrução, inviabilizando qualquer deliberação. A manobra adiou temas considerados prioritários, como a medida provisória que agiliza a fiscalização de benefícios previdenciários, ameaçada de caducar na próxima semana.

Pressão por foro especial e anistia

Os parlamentares bolsonaristas condicionaram a desocupação do plenário ao apoio de líderes da Câmara para duas pautas: a ampliação de mudanças no foro especial, retirando processos da alçada do Supremo Tribunal Federal, e uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, inclusive Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde segunda-feira (4).

Após reunião infrutífera com Motta, o grupo procurou Arthur Lira. O ex-presidente da Câmara, acompanhado do líder do PP, Dr. Luizinho Teixeira (RJ), e do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), assumiu as negociações e se comprometeu a articular um “pacote” que inclua as demandas da oposição e do centrão.

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Efeitos sobre a liderança de Motta

Aliados admitem que o episódio expôs a vulnerabilidade do atual presidente da Câmara. Deputados de diferentes correntes consideram que Motta “esteve perto” de perder o controle do plenário, fato incomum em início de mandato. Críticas anteriores, como supostos acordos não cumpridos e dificuldade em equilibrar interesses entre direita e esquerda, ganharam força.

A fragilidade projeta incertezas sobre a tentativa de reeleição de Motta à presidência da Casa em fevereiro de 2027. Embora ocupe o cargo e conte com o apoio formal de várias bancadas, a atuação de Lira na crise e a visibilidade de nomes como Elmar Nascimento reforçam a possibilidade de surgirem concorrentes.

Próximos passos

Motta convocou nova sessão para esta quinta-feira (7) com o objetivo de retomar a agenda legislativa e demonstrar autoridade. O sucesso dessa iniciativa — e a velocidade com que o acordo prometido por Lira avance — deve indicar se o episódio ficará restrito a um revés momentâneo ou se terá reflexos duradouros na dinâmica de poder da Câmara.

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