Bolsonaristas ameaçam travar Congresso e exigem anistia e impeachment de Moraes

Parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciaram nesta terça-feira (5) uma ofensiva no Congresso para aprovar três medidas que batizaram de “pacote da paz”: anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e fim do foro especial para autoridades.
“Pacote da paz” inclui anistia ampla
O grupo defende um perdão não só aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, mas também ao próprio Bolsonaro. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que colocará o projeto em votação assim que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), se ausentar. Embora a proposta tenha perdido apoio nos últimos meses, aliados avaliam que a prisão domiciliar de Bolsonaro reaqueceu o tema.
Pressão sobre o presidente do Senado
Em entrevista coletiva, deputados e senadores da oposição prometeram paralisar as votações na Câmara e no Senado até que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), encaminhe o pedido de impeachment de Moraes. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), declarou que o foro privilegiado “transformou-se em arma de coação” e cobrou a votação da PEC que extingue esse benefício, aprovada pelo Senado em 2017 e parada na Câmara desde então.
Flávio Bolsonaro critica decisão e vê reforço político
Filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a detenção do pai como “aberração jurídica” e disse que a medida fortalece o grupo politicamente. Ele negou irregularidade no vídeo publicado nas redes que motivou a decisão de Moraes e afirmou que não consegue contato com Alcolumbre desde antes do recesso parlamentar.

Atos de protesto no plenário
No retorno do Congresso após as férias de julho, oposicionistas ocuparam as cadeiras reservadas aos presidentes da Câmara e do Senado para chamar atenção às reivindicações. A mobilização ocorre dois dias depois de manifestações pró-Bolsonaro em várias cidades, inclusive no Rio de Janeiro, onde Flávio transmitiu uma ligação ao pai agradecendo o apoio dos presentes.
Aliados do PL sustentam que há “abuso” na atuação de Alexandre de Moraes e prometem manter a obstrução até que as três pautas avancem. O governo e lideranças do centrão ainda não indicaram se apoiarão a agenda da oposição.