Socióloga Irene Cardoso morre aos 79 anos em São Paulo

Irene Cardoso, professora aposentada de sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e psicanalista, morreu nesta segunda-feira (4) na capital paulista, aos 79 anos. De acordo com a família, a causa foi câncer de cólon.
Carreira acadêmica
Nascida em setembro de 1945, Cardoso ingressou no curso de pedagogia aos 18 anos e frequentou, paralelamente, aulas de ciências sociais na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Após a graduação, concluiu mestrado e doutorado em sociologia, área em que lecionou a partir do início dos anos 1970 como assistente de José de Souza Martins.
Sua tese de doutorado originou o livro “A Universidade da Comunhão Paulista”, referência sobre o contexto político da criação da USP em 1934. No trabalho, a acadêmica destacou a influência de professores estrangeiros, especialmente franceses, na formação das ciências humanas da instituição.
Em 2001, publicou “Para uma Crítica do Presente”, compilação de 15 ensaios sobre a destruição do prédio da rua Maria Antônia, palco dos confrontos de outubro de 1968 entre estudantes da USP e do Mackenzie. Com Abilio Tavares, organizou o “Livro Branco sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antônia”, lançado em 2018 com base em relatórios elaborados meses após os embates.
Legado na sociologia
Colegas como o sociólogo Sérgio Adorno apontam Cardoso como responsável por introduzir o estudo da memória na sociologia brasileira. Segundo a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, a pesquisadora teve papel decisivo na criação do departamento de sociologia, desmembrado do antigo departamento de ciências sociais.

Aposentada nos anos 2000, Cardoso voltou-se para a psicanálise e co-organizou o livro “Utopia e Mal-Estar na Cultura – Perspectivas Psicanalíticas”. O professor Nilton Ota, orientado por ela no mestrado e no doutorado, destacou sua habilidade de escuta.
Velório e sepultamento
O velório será realizado nesta terça-feira (5), a partir das 10h, no Cemitério Santíssimo Sacramento, avenida Dr. Arnaldo, 1.200, bairro Sumaré, zona oeste de São Paulo. O sepultamento está previsto para as 14h.