Protestos bolsonaristas reúnem 37,6 mil na Paulista e exaltam Trump

Manifestações organizadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ocorreram neste domingo (3) em pelo menos 20 capitais e cidades do interior. O alvo principal foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, enquanto os participantes defenderam anistia a Bolsonaro e elogiaram o ex-mandatário norte-americano Donald Trump.
Adesão e distribuição dos atos
O ponto de maior concentração foi a avenida Paulista, em São Paulo, onde 37,6 mil pessoas estiveram presentes no pico, às 15h33, segundo medição do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, que utilizaram imagens de drones e ferramentas de inteligência artificial. Em junho, a mesma metodologia apontou 12,4 mil participantes; em fevereiro de 2024, o número havia sido de 185 mil.
No Rio de Janeiro, o ato ocupou dois quarteirões da orla de Copacabana. Em Brasília, a manifestação concentrou-se nas proximidades do Banco Central, sem preencher uma quadra completa. Curitiba, Belém e outras capitais registraram mobilizações menores, com cartazes em português e inglês e bandeiras do Brasil, Estados Unidos e Israel.
Ausências de líderes e participações remotas
Jair Bolsonaro não compareceu por cumprir restrições impostas pelo STF, que incluem o uso de tornozeleira eletrónica e permanência em casa nos fins de semana. O ex-presidente enviou breves mensagens de agradecimento em chamadas telefônicas transmitidas pelos carros de som.
Governadores apontados como potenciais candidatos a 2026 — Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Júnior (Paraná) — também ficaram de fora. Tarcísio passou por um procedimento de radioablação por ultrassonografia no mesmo dia. Presentes no palanque da Paulista estiveram o prefeito Ricardo Nunes, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, o pastor Silas Malafaia e o deputado Nikolas Ferreira. No Rio, o governador Cláudio Castro participou, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou em Belém.

Pauta internacional e contexto político
Quatro dias antes dos protestos, Donald Trump aplicou sanções ao ministro Moraes com base na Lei Magnitsky e elevou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. As medidas, defendidas pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, visam pressionar o STF às vésperas do julgamento de Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, previsto para setembro.
Durante os atos, faixas com a frase “Thank you, Trump” foram vistas em várias cidades. Discursos criticaram o Supremo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defenderam a libertação de investigados ligados ao 8 de Janeiro.
Segundo organizadores, a estratégia de pulverizar as manifestações em diferentes localidades buscou facilitar a participação de apoiadores sem necessidade de deslocamentos longos e dar visibilidade a parlamentares em seus redutos eleitorais.