Edinho Silva assume e propõe renovação do PT para era pós-Lula

Brasília — O novo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, tomou posse neste domingo (3) e defendeu a reorganização interna da sigla para o período em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estiver mais nas disputas eleitorais.
Estratégia para depois de 2026
Em discurso na capital federal, Edinho afirmou que o PT precisa “construir-se” sem depender da presença de Lula nas urnas. Segundo ele, após 2026 o partido não contará mais com o ex-presidente como candidato, o que exige a formação de novas lideranças e uma estrutura capaz de sustentar o projeto político da legenda. “O substituto de Lula será o próprio partido”, declarou, reforçando que a escolha de nomes deve surgir de uma base organizada.
Meta de aproximar a juventude
O dirigente apontou a necessidade de retomar o diálogo com jovens, público que, na avaliação dele, se distanciou da legenda nos últimos anos. A proposta inclui ampliar frentes de atuação e adotar comunicação mais direta “com a sociedade real”, disse.
Presenças e pautas do evento
A cerimónia contou com a ex-presidenta do PT Gleisi Hoffmann, hoje ministra das Relações Institucionais, além de outros ministros filiados, como Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral). Sob aplausos, Gleisi criticou interferências estrangeiras que, segundo ela, ameaçam a soberania nacional, mencionando a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também defendeu a chamada “taxação BBB” — bancos, apostas e bilionários — e se posicionou contra anistia a investigados pelos atos de 8 de janeiro.

Diretrizes aprovadas
Na véspera, o PT validou o documento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que orientará a atuação partidária. O texto, com 107 pontos, condena o conflito na Faixa de Gaza, critica tarifas externas impostas ao país e apoia medidas como isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil. Questões trabalhistas, como a redução da jornada para 40 horas semanais, receberam menção, mas sem detalhamento de proposta.
A nova presidência inicia mandato com o desafio de expandir a base social, fortalecer a comunicação e preparar a legenda para competir num cenário eleitoral em que Lula, considerado principal cabo eleitoral do partido, não estará mais na corrida ao Planalto.