Monstro de Florença é a expressão que, desde os anos 1980, resume uma série de assassinatos ocorridos entre 1968 e 1985 na Toscana, na qual ao menos 16 pessoas morreram em circunstâncias quase idênticas. A chegada da minissérie da Netflix reaqueceu o caso, mas o responsável — ou responsáveis — jamais foi comprovadamente identificado.
A polícia italiana constatou que todas as vítimas eram casais surpreendidos em locais isolados, mortos a tiros de pistola calibre .22 e, em seguida, mutilados com faca. A repetição desse padrão tornou o inquérito um dos mais longos e controversos da história criminal do país.
Monstro de Florença: mistério sem solução há 50 anos
O primeiro crime atribuído ao serial killer aconteceu em 1968, vitimando Barbara Locci e Antonio Lo Bianco. O marido de Locci, Stefano Mele, foi condenado, mas novas mortes com a mesma arma, enquanto ele já estava preso, descartaram sua autoria solitária e abriram caminho para outras hipóteses.
Suspeitos, teorias e julgamentos
Na década de 1980, a trilha sarda levou investigadores a prender antigos amantes e parentes de Locci, como Francesco Vinci, sem sucesso: os crimes prosseguiram e todos foram libertados. Em 1994, o lavrador Pietro Pacciani virou o principal acusado; chegou a receber 14 sentenças de prisão perpétua, mas foi absolvido em 1996 por falta de provas e morreu dois anos depois, antes de novo julgamento.
Com a morte de Pacciani, surgiram os chamados Snack Buddies, grupo que supostamente o auxiliava. Mario Vanni e Giancarlo Lotti foram condenados em 1998, baseados numa confissão repleta de contradições. Ambos faleceram nos anos 2000 e nada indicou que as mortes cessaram devido à prisão deles.
Novas linhas de investigação
Teorias posteriores sugeriram rituais de seitas, sociedades secretas e até conexão com o Zodiac Killer norte-americano. O farmacêutico Francesco Calamandrei foi absolvido em 2008, enquanto o médico Francesco Narducci, encontrado morto em 1985, nunca teve relação comprovada. Em 2017, o jornalista Francesco Amicone apontou o ex-soldado Joseph Bevilacqua, mas o Ministério Público arquivou o processo em 2021 por insuficiência de indícios.
Investigação ainda aberta
Familiares das vítimas solicitaram, em 2022, reanálise das provas com métodos de DNA avançados, porém o Ministério Público de Florença não divulgou novos resultados. Com o lançamento da série, cresce a pressão popular para que o inquérito volte a ganhar prioridade.
O caso do Monstro de Florença ilustra os desafios forenses da época, a influência da mídia e a dificuldade em construir evidências sólidas quando suspeitos e teorias se multiplicam. Passados mais de 50 anos, a identidade do assassino permanece um enigma nacional.
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Imagem: Wikimedia Commons.